China dá um susto no mundo

25 de abril de 2022
Diferentemente de outras potências, a China já completou seu ciclo de aperto monetário enquanto outras regiões são obrigadas a fazer o contrário. Entenda o impacto desse movimento no Relatório Especial de hoje.

Durante o fim de semana, os efeitos da pandemia na China foram ecoados pelo mundo visto que o país passou a mensurar de forma mais acurada os possíveis impactos de um agravamento econômico em nível global.

Desde a chegada da Covid-19, a China passou praticamente ilesa pela situação quando comparada com outras economias, tendo sucesso com sua política de lockdowns chamada de “Zero Covid” e colocando em isolamento e quarentena quaisquer regiões que apresentassem contaminações.

Isso funcionou muito bem. Por outro lado, possivelmente, a população não tenha se imunizado, como foi o caso no Ocidente e, agora, esse efeito veio cobrar a sua conta.

Rumores de um possível lockdown em Beijing, que já está acontecendo em alguns bairros residenciais, causaram uma corrida aos supermercados, deixando prateleiras vazias. O índice das bolsas chinesas, o CSI 300, caiu 4,94%, atingindo o menor nível desde junho de 2020 e 35% abaixo da máxima de agosto de 2021. O Banco Central chinês cortou a taxa de depósitos compulsórios de 9% para 8% em moeda estrangeira. O minério de ferro caiu 10,94%. O Yuan se depreciou em 3% nos últimos 5 dias.

Esse efeito já foi sentido na nossa bolsa, a qual as exportadoras sofreram bastante. A Vale, por exemplo, está agora operando 25% abaixo da sua máxima do ano.

Isso tudo é preocupante, mas continuamos otimistas com nossa tese de que o mercado de commodities ainda vai continuar aquecido e de que a economia chinesa se encontra numa situação ímpar quando comparada com outros países.

Diferentemente da Europa que ainda nem começou a restringir sua política monetária ou dos Estados Unidos que deram apenas o primeiro passo, a China já completou seu ciclo de aperto monetário e agora se encontra na situação oposta, podendo conseguir estimular sua economia enquanto os outros são obrigados a fazer o contrário.

Esse contraste, ainda mais em um cenário quase completamente controlado, deve ainda causar uma dinâmica descolada do restante do mundo. Esse efeito pode vir de várias formas mas, eventualmente, acabará batendo nos preços das commodities, uma das poucas coisas que o governo não controla.

Assim, apesar desse susto, continuo com a visão de que as nossas exportadoras ainda são os melhores setores da bolsa brasileira e que estamos vendo um provável exagero com esse movimento recente.

 

Rodrigo Natali

Nota do editor: Especialista em macroeconomia doméstica e internacional, Rodrigo Natali trabalha diariamente para levar até você as melhores “sugestões de investimentos”— e não ser surpreendido pelos impactos do que acontece na China e em outras partes do mundo. Com o auxílio de Nícolas Merola, analista CNPI, Rodrigo simula uma carteira multimercado em tempo real, com trades em posições de índice futuro, dólar, S&P 500, ações e opções, dentro do programa “Você Gestor”. Em um único dia, na sexta-feira, 22/4, enquanto muita gente curtia o feriadão, essa carteira propiciou ganho de +5,4% para seus seguidores. Saiba mais sobre o programa “Você Gestor” clicando aqui.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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