As 3 grandes decepções da temporada

19 de novembro de 2021
Hoje, trouxemos uma análise de porque essas três empresas que, de alguma forma, surpreenderam negativamente na mais recente temporada de resultados trimestrais.

As 3 grandes decepções da temporada

João Abdouni e Nícolas Merola, CNPI

 

 

Nesta semana, divulgamos um relatório comentando três resultados de companhias que se destacaram neste terceiro trimestre. Hoje, vamos fazer o mesmo para as três que decepcionaram nossas expectativas.

Vamos lá!

 

Stone (STOC31)

Apesar do crescimento das receitas de 26% em relação ao terceiro trimestre do ano passado (3T20), a companhia está tendo suas margens comprimidas. A margem líquida  da companhia, que girava na casa dos 30%, foi de 9%. Observamos um acirramento da disputa, principalmente com a líder do setor, a Cielo, reduzindo seus preços e margem visando a manutenção da fatia de mercado.

A empresa também vem crescendo sua equipe, as despesas com marketing e com o administrativo aumentaram cerca de 70%, 

Outro fator que afetou seus resultados foi a marcação a mercado da fatia de quase 5% de ações que a companhia detém do Banco Inter (BIDI11) que caiu 35% entre o fechamento do segundo e o fechamento do terceiro trimestre de 2021.  

A companhia não vem apresentando bons resultados desde o segundo trimestre de 2021. Desde seu topo, em fevereiro, as ações já acumulam queda de 79%.

No entanto, após toda essa queda, o nível de atratividade, em nossa opinião, começa a ficar alta. Quem sabe, podemos explorar isso mais detalhadamente em edições futuras. 

 

Via (VIIA3)

A Via surpreendeu negativamente principalmente devido ao aumento das reservas para processos trabalhistas que reportou no período. Com o novo montante, de R$1,3 bilhão,  a companhia totaliza R$2,5 bilhões em reservas para esse fim. 

Com isso, o prejuízo registrado foi de R$638 milhões, e o endividamento cresceu R$1,2 bilhões nos últimos doze meses, passando de R$2,4 bilhões no 3T20 para R$3,6 bilhões no 3T21, por fim a queima de caixa foi de R$1,4 bilhão nos nove meses de 2021.

Assim como nós, o mercado não gostou dos resultados e as ações caíram desde a divulgação -26,4%.

 

Itaú (ITUB4)

O resultado final, o lucro, normalmente muito importante para bancos já consolidados, veio em linha com o esperado, de R$6,8 bilhões. Entretanto, alguns detalhes como o crescimento mais lento do crédito e as reservas para calotes preocuparam o mercado e geraram queda nas ações do setor de uma forma geral.

A carteira de crédito atingiu 19,5 bilhões de reais, um crescimento de 15,3% em comparação com o mesmo período de 2020.

Já as receitas com o cartão de crédito tiveram crescimento de 14,9% vs. o 3T20 e atingiram 3,3 bilhões de reais. No mesmo período, as receitas com serviços cresceram 6,4% e as de seguro 4,3%.

Com isso, o banco atingiu um crescimento dos lucros 34,8% vs. 3T20, com um retorno sobre o patrimônio (ROE) de 19,7%.

O ponto negativo do resultado está no índice de cobertura, que é a divisão do saldo total de reservas para inadimplências (PDD) sobre os empréstimos vencidos há mais de 90 dias.

Para o Itaú, esse índice vem caindo de 339% no terceiro trimestre de 2020 para 283% no segundo trimestre de 2021 e chegou ao nível mais baixo no terceiro trimestre, de 234%.

​Simulando uma recomposição dos níveis de reservas, que em junho de 2021 foi de R$43,5 bilhões, estimamos que as despesas com inadimplências precisariam ser de R$7,2 bilhões no trimestre e foram de R$5,6 bilhões. 

Com isso, o lucro recorrente, que foi de R$6,8 bilhões, seria de R$5,5 bilhões e o retorno sobre patrimônio (ROE) cairia de 19,7% para 16%.

A redução da reserva poderia ser explicada caso o consumo se estabilizasse ou aumentasse nos próximos trimestres. No entanto, na teleconferência, o CEO comentou que o cenário para 2022 é “pouco encorajador”, possivelmente pelo crescimento mais lento da do crédito ou por uma possível recomposição de reservas.

Isso pode ser contrário à redução do estoque de reservas para inadimplência, ou indicar uma expectativa de menor crescimento da carteira de crédito.

Os desafios de 2022 preocuparam o mercado, uma vez que as ações de ITUB4 caíram 8,9% após o resultado. 

 

Conheça o responsável por esta edição:

Nícolas Merola

Ações e Fundos de Investimento

Formado em Engenharia Civil pela UVA (Universidade Veiga de Almeida - RJ) em 2017 e com MBA pelo IBEC/INPG em 2018. Nícolas começou a estudar sobre investimentos ainda no início de sua faculdade, quando se apaixonou pelo assunto. Depois de atuar por mais de três anos no mercado de renda variável, de forma autônoma, se juntou em 2019 ao time de especialistas da Inv.

Conheça o responsável por esta edição:

João Abdouni

Analista CNPI

Graduado em Contabilidade e administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, João possui grande experiência em auditoria contábil, trabalhando por anos na Ernst & Young, famosa empresa inglesa de consultoria. Apaixonado pelo mercado financeiro, integra o time de especialistas em investimentos da Inv e está à frente das séries Premium Caps, Ações Alpha dentre outras.

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Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240