As 3 boas surpresas da temporada
João Abdouni e Nícolas Merola, CNPI
Suzano (SUZB3)
Esse trimestre foi marcado pelo detalhamento do novo projeto de expansão da companhia, o Projeto Cerrado. Ele tem como objetivo aumentar a capacidade de produção de celulose, que hoje é de 10 milhões de toneladas por ano, em 25%.
Mesmo sem que o projeto esteja dando frutos para a companhia, consideramos que os resultados operacionais da companhia foram muito bons, principalmente pela geração de caixa de R$5,2 bilhões, um crescimento de 5% em relação ao trimestre passado e 82% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
A administração da Suzano também comentou que não pretende aumentar o endividamento para o desenvolvimento do projeto Cerrado, que terá um investimento total esperado de R$19 bilhões. Ou seja, entendemos que a companhia espera registrar nos próximos três anos uma geração de caixa suficiente para pagar esse investimento e concomitantemente continuar a sua trajetória de redução de endividamento.
Ao fim desse processo de investimento, restará para o investidor uma companhia com baixo endividamento e que, de acordo com nossas projeções, pode gerar R$25 bilhões por ano após 2024, quando o Projeto Cerrado estver em funcionamento. Ao valor de mercado atual, a taxa de retorno (TIR) é de pelo menos 20% ao ano.
Engie (EGIE3)
Assim como a Suzano, a Engie neste trimestre também entregou um bom resultado operacional. Sua geração de caixa foi de R$1,8 bilhões, 22% maior que no terceiro trimestre do ano passado e o lucro de R$639 milhões, 30% maior.
A companhia tem três principais linhas de negócios: a geração de energia, a transmissão de energia e o transporte de gás natural.
Por conta da crise hídrica que o Brasil vem enfrentando, o segmento de geração de energia, que é majoritariamente composto por hidrelétricas, teve uma queda de 1,8% vs. 3T20, mas foi parcialmente compensado pelo crescimento do segmento de termelétricas, de 11% no mesmo período.
Já o segmento de transmissão de energia teve como destaque o Gralha Azul, que recebeu autorização para iniciar a operação das linhas de 230 kV entre Ponta Grossa e São Mateus do Sul em 21 de agosto, contribuindo para o aumento das receitas do segmento, que foi de R$104 milhões, 13% maior que o 3T20.
Por fim, vem sendo preponderante para a solidez dos resultados da TAG, transportadora de gás controlada pela Engie, apresentar bons resultados constantes. A receita foi de R$1,8 bilhão no trimestre, um crescimento de 16% comparado com o mesmo período do ano anterior, e o lucro que cabe a Engie foi de R$152 milhões, crescimento de 49% na comparação com o terceiro trimestre de 2020.
O endividamento gerado pela aquisição da participação na TAG é atualmente de duas vezes sua geração de caixa e, à medida que ela é reduzida, o pagamento de dividendos e a percepção de geração de valor para o acionista tende a aumentar.
Ambev (ABEV3)
A Ambev, a maior cervejaria do mundo, gerou um lucro de R$3,7 bilhões no terceiro trimestre de 2021, um crescimento de 57% em relação ao mesmo período de 2020.
O resultado foi impulsionado pelo aumento de 7,7% nos volumes, principalmente no Brasil, o que acarretou no crescimento de 18,5% das receitas da companhia, que atingiu R$18,5 bilhões. Do lado negativo as pressões de custos, continuam reduzindo as margens da empresa.
A posição de caixa da empresa é uma das mais tranquilas do Brasil. A empresa carrega uma reserva de R$16 bilhões, já descontando as dívidas.
O mercado, assim como nós, gostou dos números apresentados pela empresa que tem como acionista de referência Jorge Paulo Lemann e suas ações se valorizaram 15% desde que os resultados foram apresentados.