A bolsa americana caiu muito no curto prazo?

24 de janeiro de 2022
O S&P e a maioria das empresas ligadas ao índice caíram nos últimos meses. Mas nem tudo está perdido e acreditamos que fatores no curto prazo podem melhorar a dinâmica de preço. Saiba mais no Relatório Especial de hoje.

A bolsa americana caiu muito no curto prazo?

Por Rodrigo Natali

 

Caro (a) leitor (a),

Entramos na semana da reunião do FOMC (Federal Open Market Committee) com o S&P caindo quase 10% de sua alta recente, movimento cuja  extensão não víamos desde o começo da pandemia.

Mais que olharmos a maioria das empresas que, hoje em dia, têm um peso pequeno relativo no índice quando comparado com as Big Techs (que foram as que menos caíram), vamos ver que a maioria das empresas do índice já vem caindo há um tempo e de forma mais expressiva.

Alguns setores que se tornaram moda já sofrem quedas de mais de 50% dos seus picos, como os SPACs e ETFs de Inovação como da Ark Capital. O mercado de cripto também desaba, uma vez que ao se tornar institucionalizado, tornou-se parte do mercado financeiro e perdeu sua baixa correlação que tinha quando era carregado por um universo nichado de pessoas.

Mas, nem tudo está perdido e ao contrário, acreditamos que existem boas notícias que podem melhorar essa dinâmica no curto prazo.

A temporada de balanços dos Estados Unidos se encerrou, possibilitando  a volta das recompras de ações pelas próprias empresas, principal responsável pela alta da bolsa nos últimos anos. 

Segundo um estudo da Goldman Sachs, 11% das empresas já se encontram hábeis de fazer recomprar, enquanto o resto espera para sair do período conhecido como blackout. Esse número aumenta para 17% no fim desta semana. Enquanto janeiro normalmente vê apenas 7% do fluxo de recompras do ano, fevereiro é o mês mais forte, com 11% da execução para o ano.

Toda a preocupação com um FED mais agressivo veio de comunicações não-oficiais que, inclusive, pararam depois que a bolsa voltou a cair. O mercado da última reunião para cá colocou mais duas altas de juros nos preços, sendo que a primeira em março não foi comunicada oficialmente na Ata ou nas coletivas com o Powell logo após o encontro. 

Todo esse consenso veio como reação a discursos em público de diretores e, como reação, a dados mais altos de inflação. Chegamos a ouvir pessoas de sell side dizendo que poderiam ter uma alta de juros nessa reunião, algo bastante improvável. 

Logo, o mercado,  completamente seguro de que a bolsa americana iria subir para sempre e que valia a pena comprar ações fora do país a qualquer valuation, taxa de câmbio e custo de capital, agora acha que porque lá caiu nos últimos dias, esse movimento continuará de forma linear. 

Acreditamos que, no curto prazo, existem forças que podem mudar essa dinâmica. Uma das coisas que parece ter dado certo nos últimos tempos é evitar consensos de manada, que tem se formado e dissipado numa velocidade impressionante, deixando estrago por onde passam e muitas vezes sendo capitaneado por falsos profetas. 

Tenha parcimônia e lembre-se: o que importa sempre é entender o que está nos preços, o cenário prospectivo e qual o novo risco retorno quando os patamares de preço mudam muito rapidamente. 

Parcimônia serve para os dois lados.

Um abraço,
Rodrigo Natali 

Nota do editor: temos uma carteira com long & shorts macro, exclusiva para assinantes, que está indo muito bem este ano. Para entrar neste grupo, clique aqui.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

A Inv é uma Casa de Análise regulada pela CVM e credenciada pela APIMEC. Produzimos e publicamos conteúdo direcionado à análise de valores mobiliários, finanças e economia.
 
Adotamos regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários em sua Resolução nº 20/2021 e Políticas Internas implantadas para assegurar a qualidade do que entregamos.
 
Nossos analistas realizam suas atividades com independência, comprometidos com a busca por informações idôneas e fidedignas, e cada relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal do signatário.
 
O conteúdo produzido pela Inv não oferece garantia de resultado futuro ou isenção de risco.
 
O material que produzimos é protegido pela Lei de Direitos Autorais para uso exclusivo de seu destinatário. Vedada sua reprodução ou distribuição, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da Inversa.
 
Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240