Olá leitor(a),
A JBS divulgou ontem o seu resultado referente ao fechamento de 2021 com um lucro de R$ 20,5 bilhões, uma alta de 345% na comparação com 2020.
Entenda os motivos que levaram a maior empresa de proteína animal do mundo a esse número recorde.
Breve histórico
Fundada em 1953 em Goiás, a JBS é a maior produtora de proteína animal do mundo, contando com produtos derivados das culturas suína, bovina e aves.
A empresa conta com presença em quinze países e nos cinco continentes, possui aproximadamente quatrocentas unidades ao redor do mundo com uma série de marcas conhecidas no Brasil e no exterior, sendo: Swift, Friboi, Seara, Maturatta, Plumrose, Pilgrim’s Pride, Just Bare, Gold’nPlump, Gold Kist Farms, Pierce, 1855, Primo e Beehive.
Quem são os principais acionistas?
A composição acionária conta com o bloco de controle formado pela J&F, pertencente aos irmãos Batista, que detém 45,6% de participação. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, possui 19,45%. Já as ações em livre circulação no mercado somam 29,5%.
Recentemente, os irmãos Batista tomaram empréstimos em suas pessoas físicas para comprarem uma fatia de participação de, aproximadamente, 5% junto ao BNDES. Abaixo, nós iremos observar que pelo menos parte desse investimento deve ser financiado pelos dividendos pagos pela própria JBS por conta dos fortes resultados que ela vem apresentando.
O operacional da empresa segue voando
Os fatores que tornam a companhia muito lucrativa nessa fase do ciclo estão relacionados à alta do preço da proteína animal e do dólar, que fechou em 2021 a R$ 5,57.
Com seus produtos em alta no mundo todo, fator que não deve mudar muito no curto prazo, a JBS atingiu R$ 350 bilhões em receitas ao longo de 2021, 30% acima de 2020. Já o lucro, como falamos, foi de R$ 20,5 bilhões, crescimento de 345% na comparação com o ano anterior.
Isso acontece, em partes, pela grande influência dos mercados globais, principalmente do norte-americano que representa 57% das receitas da companhia e da Ásia, que impulsionam o setor, beneficiando as três empresas listadas na bolsa brasileira (JBS, Marfrig e Minerva).
No entanto, a JBS é uma empresa maior que as demais e está negociando com uma relação preço sobre lucro de apenas 4 vezes, inferior à média do Ibovespa que hoje negocia a 8 vezes lucro.
Com sua alta lucratividade, ela aumenta a possibilidade de maiores pagamentos de proventos, que tem uma renda em dividendos de 8,3% atualmente.
A empresa também tem desalavancado rapidamente e, no momento, negocia uma relação de endividamento sobre a geração de caixa de 1,5 vez, o que é patamar controlado.
Se os preços da proteína e do dólar se mantiverem no atual patamar, a empresa deve ficar sem dívida líquida nos próximos dois anos e, a partir desse ponto, sua renda em dividendo pode chegar a até 15% por ano. Um ajuste desse provento para o estágio de 8%, traria o preço da ação para um valor justo próximo aos R$ 55,00.
Mas, esse valor justo deve ser mais facilmente percebido à medida em que a empresa concluir a sua desalavancagem, ou seja, continue o seu processo de redução do endividamento e, com isso, consiga aumentar a distribuição de dividendos.
Conclusão
O setor de proteína animal vem se mostrando interessante para o investidor em tempos de alta na inflação global de alimentos. Como a JBS tem presença nos cinco continentes, principalmente nos EUA, deve continuar se beneficiando desse “bom momento” nos próximos anos. Já o investidor pode vir a receber dividendos crescentes.
Dessa maneira, observamos o setor de proteína animal, assim como o de commodities em geral, como um defensivo e que deve compor a carteira do investidor em ações no Brasil.
Abraço,
João Abdouni (CNPI)
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