Mind the Gap #18 - Isso o noticiário não diz

8 de outubro de 2020
Política monetária alternativa pode representar mau presságio para as perspectivas econômicas norte-americanas.

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Olá, leitor(a). 

Na newsletter de hoje, quero falar sobre a possibilidade de um desvio monetário nos Estados Unidos. 

Assunto discutido recorrentemente pela mídia e, em particular, por Loretta J. Mester, presidente do FED da cidade de Cleveland, sugere a criação de um dólar digital e a possibilidade do BC norte-americano criar uma conta individual para os cidadãos americanos. 

Ao que tudo indica, as autoridades que tocam a instituição estão muito preocupadas com a forma tradicional de canalização de recursos. 

Mas como isso é feito?

O FED é o responsável pela criação das moedas. Essa moeda digital permite que a instituição compre títulos públicos dos bancos americanos. Os bancos americanos, por sua vez, não recebem dólares físicos por esses títulos, mas, sim, um crédito no FED, denominado “Reserva Excedente”.

Com essa reserva excedente, os bancos têm mais flexibilidade para conceder empréstimos para grandes empresas, para pequenas empresas e para pessoas físicas. 

Mas, no fim das contas, em momentos de recessão os bancos acabam tendo que arcar com perdas associadas à inadimplência. 

Por isso, há um movimento de redução de riscos em curso nos bancos e instituições. Ou seja, a concessão de crédito para quem necessita, aqueles que estão usando o auxílio emergencial, está reduzida.

Esse processo é preocupante, porque a discussão do FED está associada à uma situação que, mesmo não refletindo no mercado de ações – que está subindo próximo às máximas, com as empresas de tecnologia desfrutando do cenário – é assustadora quando falamos de economia real. 

E o FED sabe disso. Não à toa Loretta Mester levanta a possibilidade da criação de um dólar digital e comenta estudos que apontam para essa canalização direta nos meios de comunicação voltados ao mercado financeiro sempre que tem uma oportunidade. 

Se isso de fato ocorrer, tende a ser um movimento revolucionário. 

Na Europa, há quem especule a respeito de uma nacionalização dos bancos. Os bancos simplesmente não estão conseguindo desempenhar o papel de outrora e talvez esse trabalho tenha que ser feito pelos próprios bancos centrais. 

Será que isso vai acontecer?

A grande questão para você refletir é: será que isso pode acontecer naturalmente nos próximos meses, mesmo que os mercados se comportem bem, mesmo se a economia continuar a registrar números relativamente saudáveis perto do que esperamos? Ou será necessário a situação econômica se agravar e os mercados se deteriorarem para o FED apresentar essa solução?

A solução, caso ocorra, certamente será denominada “helicopter money”, política monetária não convencional utilizada para aliviar a economia em meio a uma armadilha de liquidez. 

Por isso, meus amigos e minhas amigas, fiquem atentos. Apenas a possibilidade deste evento ocorrer é algo que me deixa extremamente preocupado. 

Porque, se eles estão pensando nisso, a situação é mais crítica do que aparenta. 

Hoje eu fico por aqui. 

Muito obrigado pela atenção e até a próxima newsletter. 

Um abraço,

Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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