Mercadores da Noite #204 - Rapina, agora pela Inversa

26 de dezembro de 2020
Conheça agora tudo sobre a história do sequestro que abalou o mercado financeiro, em livro aclamado pela crítica que a Inversa relança neste momento.

Caro(a) leitor(a),

Quando dei partida em minha carreira de ficcionista, não consegui nenhum editor ou agente literário que se interessasse por meu livro Os mercadores da noite.

Ninguém sequer se deu ao trabalho de ler o texto, muito menos de me enviar uma carta, mesmo que fosse de recusa. Então, decidi escrever alguma coisa que abalasse o mercado financeiro.

Assim surgiu Rapina.

Se Os mercadores... me deu um trabalhão, com pesquisas na Europa e nos Estados Unidos, Rapina só me exigiu vasculhar a memória e explorar alguns locais aqui do Rio de Janeiro e proximidades.

Agora, passados 24 anos do lançamento de Rapina, a Inversa está lançando nova edição agora.

Nela, ao final de “Nota do Autor”, na página 4, está escrito:

“Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança dos fatos aqui narrados com pessoas, empresas e acontecimentos da vida real é mera coincidência. Em alguns casos, uma notável coincidência.”

Com exceção do sequestro, todos os fatos descritos em Rapina se baseiam em acontecimentos que testemunhei, ouvi falar e, por que não dizer, participei.

Não foi por acaso que a primeira edição do livro se esgotou em 24 horas. O mercado inteiro fez questão de ler logo de saída.

Só um diretor da então BM&F adquiriu 40 exemplares na livraria Sodiler, no aeroporto Santos Dumont, e distribuiu para os amigos.

Houve noites de autógrafo no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.

Fui entrevistado pelo Jô Soares, à época no Jô Onze e Meia, transmitido pelo SBT. Estive no Bom Dia Brasil, no jornal do Boris Casoy. O Renato Machado me entrevistou para a GloboNews.

A revista Veja dedicou duas páginas ao livro. A Isto É publicou um encarte com o primeiro capítulo.

Quase todos os jornais importantes do Rio de Janeiro, além de publicarem amplas matérias sobre Rapina, exibiram anúncios de um quarto de página pagos pela editora Record.

Pudera.

Com tanta divulgação, e um boca a boca extremamente favorável, Rapina já surgiu em primeiro lugar na lista dos mais vendidos, na qual permaneceu ao longo de cinco meses.

“Caramba! Com tantas denúncias de falcatruas ocorridas no mercado financeiro”, pode estar pensando o leitor desta crônica, “o pessoal dos bancos, corretoras e distribuidoras deve ter ficado uma fúria.”

Sim, alguns não gostaram. Não gostaram por não se sentirem retratados no livro.

“Pô, Ivan! Você não se lembrou de mim”, era o que eu mais ouvia de reclamação.

Todos os personagens são baseados em pessoas reais, com nomes trocados. É evidente. Muitos se reconheceram e... gostaram. Tanto é assim que formaram longas filas na noite de autógrafos.

Só como exemplo, há dois gêmeos no livro: os Lontra, da Flush DTVM.

Como eu me dava com três pares de gêmeos na Bolsa de Valores do Rio, todos vieram me cobrar.

“Eu sou um dos Lontra, não sou, Ivan?”

“Claro, claro”, eu respondia. “Jamais me esqueceria de você.”

O diretor de um banco de investimentos carioca garantiu em todas as rodas que ele era o Pedro Henrique Barroso, diretor do banco Bullish. Isso com certeza, pois ele tinha o privilégio de ter relações com a bela Sarita Gomes d’Auvignois, mulher de um dos traders da instituição.

Tudo bem, até aqui foi fácil. Afinal de contas, eu era íntimo de todos os personagens e tinha vivido aquilo tudo.

Mas, quanto aos bandidos, como fiz?

Bem, o principal personagem do livro, Eriosvaldo Matos, foi sequestrado por uma quadrilha do morro do Borel, na Zona Norte do Rio, chefiada pelo Galo Cego.

Além de outras atividades, todas lucrativas, o Galo era dono de uma boca de fumo.

Esse era um ambiente desconhecido para mim. Então, tive de ir lá conferir.

Quase todas as saídas do morro dão para a rua São Miguel, no Alto da Tijuca.

No número 500 dessa rua, funciona (ou, pelo menos, funcionava) uma distribuidora de bebidas de propriedade de um comerciante chamado Carlão.

Se alguém de outro Estado quer escrever para um parente ou amigo que mora na favela, ele sempre endereça a carta para Rua São Miguel, 500. O Carlão se encarrega (ou se encarregava) de fazer a carta chegar ao destinatário.

Foi também ele que me propiciou a visita à boca de fumo na qual passei uma noite para ver como funcionava o “comércio”.

Escolhi o cativeiro do sequestrado meio que no chute. Fui de carro até Magé, na orla da Baía da Guanabara, peguei uma rua e me afastei do centro da cidade. Até achar o lugar ideal. Anotei todos os detalhes e voltei para o Rio.

Parte boa das pesquisas foi a escolha dos restaurantes que aparecem no texto. Fiz questão de visitar e comer em todos.

Entre eles o Sentaí, onde se come a melhor lagosta do Rio, o Number One, na Praça Mauá, onde os steaks são dos deuses, o Troisgros, cujo nome dispensa apresentações, entre outros.

Por outro lado, tive de jantar no Beco da Fome, em Copacabana, e em um restaurante da avenida Francisco Bicalho, ambos frequentados por taxistas, prostitutas, travestis e outros entes das madrugadas cariocas.

Vou parar por aqui, para não avançar na história.

Quem quiser saber mais de Rapina, é só conferir.

Os exemplares já estão à disposição no site da Inversa. Garanta sua cópia aqui.

Um ótimo fim de semana para você!

Ivan Sant’Anna

Conheça o responsável por esta edição:

Ivan Sant'Anna

Trader e Escritor

Uma das maiores referências do mercado financeiro brasileiro, tendo participado de seu desenvolvimento desde 1958. Atuou como trader no mercado financeiro por 37 anos antes de se tornar autor de livros best-sellers como “Os Mercadores da Noite” e “1929 - Quebra da Bolsa de Nova York”. Na newsletter “Mercadores da Noite” e na coluna “Warm Up PRO”, Ivan dá sugestões de investimentos, conta histórias fascinantes e segredos de como realmente funciona o mercado.

A Inv é uma Casa de Análise regulada pela CVM e credenciada pela APIMEC. Produzimos e publicamos conteúdo direcionado à análise de valores mobiliários, finanças e economia.
 
Adotamos regras, diretrizes e procedimentos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários em sua Resolução nº 20/2021 e Políticas Internas implantadas para assegurar a qualidade do que entregamos.
 
Nossos analistas realizam suas atividades com independência, comprometidos com a busca por informações idôneas e fidedignas, e cada relatório reflete exclusivamente a opinião pessoal do signatário.
 
O conteúdo produzido pela Inv não oferece garantia de resultado futuro ou isenção de risco.
 
O material que produzimos é protegido pela Lei de Direitos Autorais para uso exclusivo de seu destinatário. Vedada sua reprodução ou distribuição, no todo ou em parte, sem prévia e expressa autorização da Inversa.
 
Analista de Valores Mobiliários responsável (Resolução CVM n.º 20/2021): Nícolas Merola - CNPI Nº: EM-2240