Caro leitor,
Na newsletter “Os mercadores da noite” publicada em 2 de novembro do ano passado, à qual dei o título de “Leitura obrigatória”, indiquei oito livros que, no meu entender, alargam o conhecimento das pessoas sobre assuntos econômicos e políticos que influem no comportamento dos diversos mercados financeiros.
Foram eles:
A Grande Guerra pela Civilização – A conquista do Oriente Médio, de Robert Fisk.
O Petróleo – Uma História de Ganância, Dinheiro e Poder, de Daniel Yergin.
A Lanterna na Popa – Memórias, de Roberto Campos
Série de cinco livros de Elio Gaspari sobre o período de ditadura militar no Brasil, que compreendeu os seguintes títulos: A Ditadura Envergonhada; A Ditadura Escancarada; A Ditadura Derrotada; A Ditadura Encurralada; e A Ditadura Acabada.
Uma Breve História da Euforia Financeira, de John Kenneth Galbraith.
Ao final daquela newsletter, escrevi:
“Se você, meu amigo, estiver disposto a aprender com os livros que sugeri acima, e realizar essa tarefa, tenho mais uns 30 para indicar.”
Para minha surpresa, desde o dia seguinte ao da publicação da newsletter, leitores passaram a me escrever pedindo os tais trinta.
Caramba! As obras citadas no artigo em questão contêm 6.267 páginas. Mesmo leitores vorazes como eu levam no mínimo uns três meses para deglutir aquelas sugestões.
Vou fingir que uma montanha de assinantes já terminou de ler minhas indicações e fazer mais quatro.
Duas delas deveriam ter constado da primeira lista. Infelizmente, só servem para quem lê em inglês. Estou me referindo a:
Market Wizards e The New Market Wizards, coletâneas de entrevistas feitas por Jack D. Schwager com os traders mais bem-sucedidos dos diversos mercados americanos de ações e derivativos.
Os dois livros totalizam 951 páginas.
Pessoalmente, tenho certa bronca de Schwager, pois ele atrasou minha carreira literária.
Através de uma amiga comum, broker em Nova York, enviei a Jack D. Schwager os originais de meu livro The Sunday Night Traders, a versão em inglês de Os mercadores da noite.
Em menos de uma semana, Schwager retornou dizendo que o texto tinha “too many New York details” (detalhes demais da cidade de Nova York).
Isso foi um sinal inequívoco de que ele não passou dos primeiros parágrafos do primeiro capítulo da primeira parte, nos quais eu realmente descrevo meu protagonista, Julius Clarence, dirigindo seu possante Jaguar de Downtown Manhattan até um shopping center no Queens.
Felizmente, algum tempo mais tarde, após a publicação de Os mercadores da noite no Brasil, a BM&F lançou 5 mil exemplares de The Sunday Night Traders e os distribuiu para traders de mercados do mundo inteiro. Esse pessoal me escreve até hoje.
Curiosamente, The Sunday Night... é lido por muita gente no Paquistão, país onde estive durante 40 dias em 2008. E vejam que só levei para lá cinco unidades, que passaram e continuam passando de mão em mão.
Desculpem-me ter desviado do assunto. Independentemente de minha desafeição (aliás, já ultrapassada) por Schwager, os Wizards 1 e 2 são excepcionais. Mudam completamente, para melhor, a maneira de se entender o mercado e de “treidá-lo” com mais eficiência e retorno.
Imperdíveis!
Um livro interessantíssimo é A Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe (628 págs., Editora Rocco, 1988), versão em português de The Bonfire of the Vanities.
Embora não tenha utilidade prática, no sentido de se aprender a investir melhor nos mercados, a obra de Wolfe mostra como se comportavam os yuppies de Wall Street na época do boom dos junk bonds (meados dos anos 1980).
Um cirurgião pode ser excepcional e não ganhar muito dinheiro. Talvez ele se dedique a salvar vidas de pacientes em estado gravíssimo no Hospital de Amor (antes conhecido como Hospital de Câncer de Barretos), por puro sacerdócio.
Aposto que entre os pesquisadores do Instituto Butantan, da Fundação Oswaldo Cruz ou do Instituto Adolf Lutz, há algum pesquisador que esteja varando noites em busca de uma vacina contra a Covid-19. Não ganha horas extras e seu salário é modesto. Talvez menor do que o de um amarra-cachorro de um deputado estadual do Amapá.
Alguém sabe se o escritor argentino Jorge Luis Borges morreu rico ou pobre? Se deixou uma fortuna para seus herdeiros? Com exceção dos mais íntimos, provavelmente ninguém. Simplesmente porque isso não tem a menor relevância.
Já no mercado financeiro, a medida do sucesso é o dinheiro, unicamente o dinheiro.
O diretor do bancão que decidiu o investimento que sua instituição vai recomentar aos clientes, quer saber mesmo é de quanto será o seu bônus de fim de ano.
Daí a importância de se ler o livro de Wolfe. Ver como os espadas de Wall Street fazem questão de gastar três mil dólares em um terno, ou US$ 500,00 numa simples gravata. Como alugam luxuosas limusines para ir a uma festa distante uma quadra e meia de seu prédio. Sem contar a Ferrari ou o Porsche na garagem.
Lembre-se disso na hora de conversar com seu gerente de banco sobre investimento.
Para completar minhas recomendações de hoje: Forbes – As maiores histórias do mundo dos negócios, de Daniel Gross (Companhia das Letras, 1998, 387 págs.).
John. D. Rockefeller, J. P. Morgan, Henry Ford, Charles Merrill (Merrill Lynch), Walt Disney, Sam Walton (Wal-Mart), todos os antigos estão nessas páginas, escritas antes da explosão de Bill Gates, Steve Jobs, Jeff Bezos, Warren Buffett, Mark Zuckerberg e Cia.
Talvez o texto biográfico de Gross o ajude a identificar, antes da maioria, qual será a grande empresa, e o próximo empresário genial, no pós-coronavírus.
É lendo que se aprende. É aprendendo que se compreende mais. É compreendendo mais que se obtém sucesso no intricado mas fascinante mundo dos investimentos.
Daqui a algum tempo vou mostrar a vocês, caros amigos leitores, outros livros que tiveram importância na minha formação. Por hoje, ficam os quatro acima.
Boa leitura e bons trades, é o que lhes desejo.
Um grande abraço,
Ivan Sant'Anna