Oi.
Um dos grandes desafios de qualquer gestor é tentar explicar aos seus investidores como ele está vendo o mercado e como essa visão se traduz nas posições do fundo. A tendência é a construção de cenários complexos, baseados em premissas no mínimo questionáveis e, na maioria das vezes, selecionadas para explicar o que foi feito, e não para antecipar o futuro.
Depois de algumas tentativas frustradas de explicar o que eu pensava, passei a utilizar algumas imagens que operadores antigos tinham para o mercado. Era muito mais fácil entender dessa forma.
Vou listar algumas dessas imagens e como cada uma delas pode ser usada para analisar o mercado atual. Basta você escolher a sua.
Piquenique no Vulcão: Vulcões exercem uma atração grande ao homem. São uma força gigantesca da natureza e mostram que existe uma diferença muito grande entre prever o que vai acontecer e quando vai acontecer. Vistas de longe, suas erupções são um espetáculo, mas, de perto, um risco enorme. Como as erupções são pouco frequentes, vulcões são atrações turísticas e muita gente vai lá fazer piquenique. Antes de uma erupção, alguns sinais - geralmente tremores - são sentidos. Isso acontece exatamente igual nos mercados. Mas o turista (investidor) que chegou até ali, apesar do tremor, imagina que é muito improvável que o vulcão vá explodir. E fica ali até que, eventualmente, o vulcão explode. Exatamente igual aos mercados.
Bola descendo uma escada: Melhor descrição de uma tendência de baixa. Mesmo nas baixas há dias em que vemos movimentos bruscos de alta. Não se deixe enganar... Enquanto a escada (tendência) não acabar, a bola (preço) vai continuar a descer.
Panela com água no fogo: Quando colocamos água para ferver, você tem certeza de que a água está esquentando. Mas, olhando de fora, nada parece mudar até que rapidamente a água entra em ebulição. Muitas vezes isso acontece com empresas. Você sabe que as coisas estão melhorando, mas observando apenas a água (preço) parece que nada está mudando. Vemos isso também em política, quando algumas tendências vão crescendo lentamente e entram em ebulição muito rapidamente.
Foguete de estágios: Quando lançado, um foguete parece iniciar sua subida lentamente. Com o passar do tempo, a aceleração vai aumentando. De tempos em tempos, um estágio se descola e, nesse breve período, a aceleração diminui e eventualmente para, até que o próximo estágio seja acionado. Mas, como investidores, nunca sabemos exatamente quantos estágios tem um foguete. A cada parada na aceleração ficamos na expectativa de saber se existe outro estágio, ou se vamos ser atraídos de volta à Terra pela gravidade. Essa é a figura que melhor explica uma tendêcia de alta.
Caminhada no escuro à beira de um abismo: Para quem caminha no escuro em direção ao abismo só o último passo interessa. Muitas vezes, por estarmos andando no escuro, estamos à beira do precipício e o caminho parece tranquilo, sem solavancos, até que damos o último passo.
Atualmente, vejo o mercado americano de juros como a panela de água no fogo e a bolsa brasileira como o foguete de estágios. Tenho medo só de que a eleição presidencial seja nossa caminhada para o abismo. Por enquanto, tudo que eu vejo é a escuridão. Quais são as suas imagens do mercado?
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Um abraço,
Pedro