Oi.
Tenho um amigo (já posso chamá-lo assim) que, ao longo de uma vida, construiu uma grande empresa e ficou rico. Rico mesmo, não rico como cantor sertanejo. Um dia ele me contou que, ao completar 60 anos, naquele momento em que finalmente se contempla a possibilidade de aposentadoria, tomou uma resolução de vida: não frequentar coquetéis, nunca mais.
Essa decisão ilustrou para mim o que representa a aposentadoria: deixar de fazer tudo o que não gostamos, mas fazemos apenas porque precisamos ganhar dinheiro.
Aposentar não é deixar de trabalhar. É deixar de trabalhar por dinheiro. Fazer algo por prazer, mesmo que seja um trabalho, não é a mesma coisa que fazer algo de que não gostamos para conseguir pagar as contas. Para o meu amigo, se aposentar era parar de ir a coquetéis. O resto ele fazia por prazer e, portanto, não fazia sentido parar simplesmente porque tinha completado 60 anos.
Se você é um felizardo (casos raros) que ganha dinheiro fazendo exatamente o que gosta, você já pode se considerar um aposentado. Só precisa cuidar de sua saúde para continuar fazendo o que gosta e pagar as suas contas. Se não é o caso, você pode repensar sua aposentadoria através do seguinte prisma...
Quanto dinheiro você precisa gastar por ano?
Divida as despesas em alguns grupos principais.
- Moradia: Custo do aluguel da casa em que você vive (mesmo que seja casa própria).
- Alimentação e vestuário: Gastos com itens básicos de sobrevivência.
- Saúde: Custo de seu plano de saúde, mesmo que você não tenha um ou que sua empresa pague para você. Se você não tem plano de saúde, no fundo, você está vendendo para você mesmo uma apólice e um dia vai ter que arcar com os custos dessa venda.
- Educação: Sua e de seus filhos.
- Lazer em geral: Isso inclui viagens e esportes, academia e tudo aquilo que torna a vida mais interessante.
Imagine como essas despesas vão evoluir no futuro. A despesa com saúde sempre vai subir; educação sobe também, mas eventualmente pode desaparecer. Os outros são mais ou menos estáveis e controláveis por você.
Agora, você precisa criar uma carteira de ativos que gere renda suficiente para pagar essas despesas. A primeira e mais óbvia é o imóvel próprio. Não considere seu imóvel um patrimônio, considere um pagamento adiantado de um aluguel vitalício. Seu primeiro imóvel paga a sua despesa de moradia.
Suponha que a sua única opção de investimento sejam imóveis. Imagine agora que você compre outro imóvel que gere um aluguel suficiente para pagar a sua alimentação. Assim, sucessivamente, cada novo imóvel que você adquirir deve custear suas despesas de saúde, educação e lazer. No seu quinto imóvel, você já terá garantido uma renda que pague todas as suas despesas. A partir desse dia, o trabalho para você será uma opção, não uma necessidade. Você estará aposentado.
Agora substitua um imóvel por uma carteira que contenha 8 ações de empresas muito sólidas e que, somente com o dividendo anual, garantam o mesmo rendimento desse imóvel. Substitua outro por um título longo indexado à inflação e que, apenas com o cupom anual de juros, substitua a renda de um terceiro imóvel. Substitua um terceiro imóvel por uma carteira diversificada de fundos imobiliários cujo rendimento seja equivalente.
Pronto, você está aposentado!
Seu imóvel próprio paga a sua moradia. Uma carteira de ações paga a sua saúde (essa seleção de ativos precisa crescer ao longo do tempo). A carteira de renda fixa paga a alimentação e o vestuário. Um outro imóvel alugado (eventualmente comercial) paga pela educação. O rendimento dos fundos imobiliários paga pelo seu lazer.
A partir desse dia, seu trabalho é uma opção. Escolha bem e tenha uma vida plena e feliz. Isso não significa uma vida sem atividade.
Por sinal, encontrei um dia meu amigo em um coquetel, e questionei o que ele estava fazendo ali. Ele me respondeu que, na verdade, nem todos os coquetéis são chatos. Ele só vai aos que quer.
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Um abraço,
Pedro