Gritty Investor #39 - O Livro da Minha Vida – Parte 1

23 de fevereiro de 2018
As 3 perguntas que mudaram minha visão

Oi.

Uma fonte importante de ideias para escrever a Gritty vem justamente das perguntas dos leitores. Um leitor me perguntou, dado que eu não posso sugerir nomes de empresas listadas na Bolsa para investir, quais as variáveis mais importantes que eu uso para comprar uma ação.
      
Eu poderia citar quais “eu” acredito serem as mais importantes, mas isso seria uma tentativa grosseira de esconder o plágio. Na verdade eu sempre tentei, nem sempre com sucesso, usar os princípios descritos num livro chamado “The Warren Buffett Way”, Robert Hagstrom. Cheguei a esse livro depois de conhecer em 1995 o Bruno Rocha, uma pessoa que sem dúvida marcou definitivamente a minha carreira. Na época ele ainda recebia corretores (eu era um) no modesto escritório da Dynamo, uma gestora independente de recursos focada em ações. É difícil descrever como isso era raro naqueles dias. Gestora independente focada em ações: os caras estavam uma década à frente dos desbravadores (na qual modestamente me incluo). 

Fiquei impressionado com a inteligência e a clareza de raciocínio do Bruno. Vi como a jovem equipe dele estava determinada a buscar aquilo que eles pregavam e ele, muito gentilmente, me disse que os princípios que eles seguiam eram inspirados em Warren Buffett. Por isso, cheguei até o livro que citei acima. Nos anos seguintes, li tudo o que escreveram sobre Buffett e tudo o que Buffett tinha escrito até então: A cartas anuais da Berkshire Hathaway.

Mas, obviamente, eu era um profissional no ramo. Esse era o meu papel. Aprender com os melhores e tentar fazer o mesmo. Mas a teoria tinha que ser adaptada para a realidade brasileira (o que não é difícil) e ao fato de termos poucas escolhas de empresas listadas que correspondiam plenamente aos princípios pregados no livro.
     
Hoje só vou abordar um aspecto tratado no livro: a análise do negócio. Para isso, você deve se fazer 3 perguntas.
    
1) O negócio é simples e de fácil entendimento? Leigos são atraídos pelo que não entendem como moscas pela luz. Mas se você quer realmente ser um investidor, você deve ser capaz de entender o que a empresa faz.
    
2) O negócio tem um histórico operacional consistente? Números não mentem no longo prazo. Um bom negócio deve ter um histórico, de preferência longo, de altos retornos operacionais. Simplificando, ele tem que ganhar dinheiro na sua atividade principal nos altos e baixos da economia.
    
3) O negócio tem uma perspectiva favorável no longo prazo? Muitos negócios simples e com excelente histórico de rentabilidade deixaram de existir quando surgiu uma tecnologia que revolucionou o ambiente de negócio. Pense na Kodak e na Xerox. De gigantes à falência em menos de uma década. 
      
Agora que você já sabe o que é importante olhar a respeito de um negócio, reflita um pouco sobre cada ação de sua carteira e se questione se elas possuem as 3 características citadas acima.
     
Semana que vem eu continuo a discutir outros aspectos fundamentais na escolha de uma ação. 

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Conheça o responsável por esta edição:

Pedro Cerize

Gestor de fundos de investimentos e autor da série A Carta

Sócio-fundador da Inv e da Skopos Investimentos, Pedro Cerize é considerado um dos melhores gestores de renda variável do Brasil. Em sua série “A Carta”, analisa a economia brasileira e sugere alocações de investimentos. Também é autor da newsletter "Gritty Investor" e está à frente da série "1+100 Reloaded", além de participar da "Top Pix".

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