No mercado, quando a incerteza e a dúvida acabam, acabam também as oportunidades. Estamos numa fase de grandes incertezas e, portanto, grandes oportunidades e riscos. Só que esse período tem data certa pra acabar: as eleições de 2018.
O que aconteceu no Brasil nos últimos 3 anos supera muito a ficção. Uma presidente com sanidade mental questionável foi reeleita com um vice que liderava um partido sabidamente fisiológico que assumiu e surpreendentemente adotou uma agenda moderna de reformas. Aprovou o teto de despesas, uma reforma trabalhista, e só não passou a reforma previdenciária porque foi gravado por um empresário envolvido em esquemas ilícitos nos governos anteriores. Esse mesmo empresário entregou não só o presidente e seus aliados, como também o candidato derrotado nas eleições anteriores.
Pra complicar a trama, o candidato mais conhecido da população, um ex-presidente com popularidade altíssima ao sair do governo, foi condenado em primeira instância por corrupção e, se a sentença for confirmada no próximo dia 24, pode ficar inelegível e eventualmente ser preso. Essa trama complicadíssima começa a se desvendar agora, com o julgamento no TRF-4. Antes disso, tudo está parado, à espera do destino da peça principal dessa história: Lula.
Foi ele que criou, lá no mensalão, junto com seu braço direito, José Dirceu, um sistema de poder baseado na troca de cargos que pudessem gerar dinheiro através de esquemas de corrupção para abastecer campanha e o caixa de partidos e de políticos. Foi ele que escolheu a Dilma para ser sua sucessora. E enquanto o meio politico não souber o destino dele, nada estará definido.
Esse é o ponto em que nos encontramos agora. Conhecendo a natureza conciliatória do meio politico e do sistema legal das altas cortes no Brasil, acredito numa solução mista: Lula fica inelegível, mas escapa da cadeia. Ele vai poder manter a narrativa de que nada se provou contra ele e a história vai seguir seu curso. Eventualmente, assim como aconteceu com Maluf, a justiça chegará. “Tarde e branda demais”, você poderia dizer, mas, pragmaticamente, o País ficou melhor.
Escrevo isso cheio de dúvidas, porque ter certeza, agora, beira a insanidade. Abrace a dúvida e não se deixe tomar pela ansiedade. Estude os cenários possíveis e crie um plano de ação. E jamais deixe seus sentimentos de alegria, revolta ou tristeza turvarem sua busca pelas melhores decisões de investimento.