Global Investor #81: A teoria das décadas nos mercados globais

7 de dezembro de 2022
Para Louis Gave, "Bear Markets" são sintomáticos! Eles indicam transição. Nos últimos 50 anos, cada década teve um tema dominante que atraiu a ganância dos investidores. E, muito do que vivemos hoje, se comporta de forma semelhante à diferentes fases dos mercados.

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Ainda sobre a visita do estrategista Louis-Vincent Gavekal, o fundador da casa de pesquisa Gavekal, que esteve no Brasil na semana passada em eventos organizados pelo BTG Pactual, como comentado na última edição da Global Investor, trouxe importantes perspectivas relacionadas a um tema que é preciso enfatizar! Estamos em um momento muito relevante nos mercados

Nos anos 70 tivemos empresas petrolíferas bombando e essa foi uma época marcada pelo medo da falta de petróleo. Louis classifica essa década como Malthusiana, fazendo uma referência a teoria de Thomas Malthus e os seus conceitos associados à falta de alimentos e energia. Em 1970, o preço das ações petrolíferas disparou e, na década seguinte, algo similar ocorreu, porém, com as ações japonesas! Durante os anos 80, acreditava-se que o Japão iria dominar o mundo, uma década marcada pelo “o Japão da Sony de Akio Morita”.

Na época, o Japão apresentava o que havia de mais moderno no mundo e o preço das ações japonesas disparavam. Aqui, Louis classifica a era como Ricardiano, em homenagem ao economista David Ricardo e as suas teorias associadas às vantagens comparativas.

Já na década seguinte,  a internet comercial ganhou espaço e o surgimento do Browser Mosaic, o IPO da Netscape, o grande crescimento de diversas empresas associadas ao serviço de fibra ótica, marcaram a época. O período dos anos 90 foi de grandes transformações e classificado por Louis como a era Schumpeteriana, em homenagem ao economista Joseph Schumpeter e as suas teses associadas à destruição criadora.

Após 10 anos, foi a vez da China, que entrou na Organização Mundial do comércio em 2001, consumindo commodities de todos os lados, marcando a virada do século também como uma era Malthusiana, devido ao medo da falta de petróleo, do minério de ferro, do cobre e de diversos outros metais básicos.

E, nesta última década, foi a vez das Big Techs, a época do "O software vai devorar o mundo" de Marc Andreessen, uma década também de característica Schumpeteriana, por causa das transformações digitais.

Mas, o que se mostra mais relevante é o fato de que, hoje, os investidores estão olhando para a atual situação de mercado, com certas adversidades, e esperando um certo “Meia Volta, Volver” sob um certo "Pivot" do FED para, assim então, poderem aproveitar as ações que cairam, como a META, Tesla, Zoom e diversas outras que, atualmente, estão a um preço classificado como de barganha.

Mas, será que uma tomada de decisão não seria análoga ao fato de que os investidores de 1992 estavam aguardando o Banco do Japão fazer o mesmo? Isso é, cortar os juros para que fosse possível comprar as ações do Bank of Tokyo Mitsubishi.

Para os investidores que ainda desejam comprar as ações das Big Techs, provavelmente, estão pensando como muitos investidores no início dos anos 90. 

Bem, Louis que viaja pelo mundo todo, visitando diversos estrategistas, diz que quase todos os gestores concordam que nos anos 70, 80, 90 e também em 2000,  havia uma bolha. Mas, agora, isso passa a ser oportunidades!

Naturalmente, mercado é: tentativa e erro! Essa é uma narrativa muito pertinente e a classificação entre fenômenos Malthusianos, Ricardianos e Schumpeterianos, é fascinante!

E, falando do Brasil, os fenômenos Rodriguianos em homenagem a Nelson Rodrigues no que diz respeito ao “complexo de vira-lata”, aqui no Brasil, para cada bolha que existiu em diferentes momentos lá fora, replicamos de uma forma bem brasileira.

Na bolha do Nasdaq e do TMT (Tecnologia, Media e Telecom), por exemplo, tivemos a nossa versão latina com as empresas Inepar, Globo Cabo e Embratel, inclusive, a Embratel, logo após a privatização da Telebras, prometia ser uma grande empresa de tecnologia no Brasil. 

Recentemente, vimos aqui, empresas como a Magazine Luiza, Via Varejo e diversas outras, ensaiarem também uma versão do que seria a Amazon. Por aqui, sempre fomos muito críticos em relação a essa comparação, até porque, a Amazon não seria o que ela é hoje se não fosse a sua plataforma de serviços de computação em nuvem, a AWS.

Por aqui, muitos emplacaram narrativas que provocaram sofrimento para muitas pessoas, principalmente para aqueles que não deram ouvidos aos comentários enfatizados diversas vezes sobre essas ações que, na verdade, eram apenas simples ações da insanidade!
 

Aguardo você na próxima edição!

Um grande abraço,
Marink Martins.
 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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