Global Investor #80: A reabertura da China já está acontecendo

1 de dezembro de 2022
Louis-Vincent Gave, o fundador da casa de pesquisa Gavekal, está extremamente otimista no que diz respeito ao processo de reabertura da China. Em sua opinião, os protestos mais recentes fazem parte de um movimento que ocorre com uma determinada frequência no país.

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A China, finalmente, está reabrindo a sua economia e quem afirmou isso foi Louis Vincent Gave, o fundador da casa de pesquisa Gavekal que, nesta manhã, em um evento realizado no Rio de Janeiro.

Louis está em uma viagem pelo Brasil, visitando alguns clientes institucionais e, durante o evento, ele compartilhou alguns insights... Junto com a narrativa da reabertura chinesa, o que ouvimos é que há uma elevada demanda de chineses que estão sendo forçados a economizar dinheiro pelo período de três anos. Mas, esses estão ansiosos para viajar internacionalmente, para trocar de carro e para realizarem muitas coisas que não puderam fazer nos últimos anos.

As manifestações mais recentes, de certa forma, representam um impulso para essa flexibilização de política de 'Covid zero'. Temos também um ceticismo dos investidores institucionais brasileiros, com dúvidas a respeito dos protestos e do potencial de hospitalizações, pois, ao reabrir a economia de forma repentina, muitos chineses, naturalmente, que não tem imunidade, serão infectados pelo Covid  e, dessa forma, um alto potencial de hospitalização pode acontecer.

Louis Gave acredita que as manifestações estão presentes na China com muito mais frequência e, na mais recente, a situação de um incêndio na província de Xinjiang foi envolvida. Bem, a mídia financeira trabalhou muito nessa questão, que, certamente, foi uma importante manifestação, entretanto, nada que se assemelhe ao que ocorreu em 1989, com aquelas imagens que até hoje estão em nossas mentes, o massacre ocorrido na Praça da Paz Celestial.    

Já com relação ao tema das hospitalizações, Louis nos diz que, de uma forma mais simplista, podemos falar que o centro urbanos são dominados por jovens, enquanto a população mais velha e mais vulnerável ao Covid, estão mais situadas nos campos. De forma que, mesmo que muito chineses sejam infectados pelo vírus, muitos desses casos não serão notificados e até mesmo "abafados".  

Louis também apresenta alguns argumentos em prol de que, se você é um chinês mais jovem e está com Covid, provavelmente, tentará se curar em casa do que ter que enfrentar um hospital. 

Dito isso, e explorando o lado das consequências associadas aos investimentos, com relação às ações chinesas que, de certa forma, já vêm subindo consideravelmente, as ações do Alibaba e também o ETF KWEB, esse mais focado em ações de tecnologias, chegaram a bater 20 dólares e agora se aproximam de 30 dólares. Ao mesmo tempo, as ações dos cassinos de Macau vêm se valorizando muito.

Mas, Louis nos diz que as ações chinesas podem subir ainda mais, pois, nos últimos três meses, o que mais o estrategista fez, foi tentar explicar para os investidores americanos sobre a preocupação da China. 

Esse tema da China, não sendo mais investable, foi "ventilado" pelo J.P Morgan e por muitos outros bancos e seus departamentos de pesquisas, e tudo isso vêm dando muito trabalho para a Gavekal, uma casa de pesquisa especializada em China e que naturalmente defende essa tese.

De forma que, caso, esse otimismo de Louis Gavekal se materialize, haverá um espaço de valorização muito grande, não somente nas ações chinesas, mas também, em ações de mercados emergentes.

Pois, o que se observa agora é uma situação em que o FED, praticamente, já sinalizou um Teto e o que podemos acompanhar nos próximos meses é uma situação em que os mercados emergentes estão mais leves e mais livres para fazer um out perfomance em relação ao S&P 500. 
   
Para fechar essa edição e trazer um argumento no cerne realizado pela casa de pesquisa Gavekal, falamos agora da questão dos dólares; os Estados Unidos vêm transferindo algo como o equivalente a 100 bilhões de dólares por mês, esse é o déficit em conta-corrente dos EUA. Porém, desta vez, deste total, 40 bilhões de dólares estão sendo direcionados para a China. 

Mas, o que está sendo feito com todo esse dinheiro?

Se no passado este dinheiro era utilizado por empresários para adquirir imóveis em Vancouver, Sidney, por exemplo, e em diversos outros lugares, neste momento, o que Louis Gave argumenta é que esse dinheiro está parado em contas de diversos “paraísos fiscais”, sendo investindo, talvez, em títulos de curto prazo, porém, na espera de oportunidades.  

E o mercado imobiliário de Vancouver, por exemplo, já sente a falta de investimentos por parte dos chineses, mas não devido a recursos, mas sim, pela tese de que os dólares, hoje, recebidos pelos estrangeiros, tendem a se manterem localizados, afinal, os bilionários globais estão um tanto traumatizados com o que ocorreu com os Oligarcas russos que tiveram suas fortunas confiscadas sem o devido direito a um tramite jurídico tradicional. 

Trazendo todos esses argumentos de Louis Gave, temos, sim, agora um cenário bem mais convidativo em se tratando de mercados emergentes. E, ao falar do Brasil, o estrategista se mostra muito mais otimista do que nós próprios, investidores brasileiros. 

Aguardo você na próxima edição!

Um grande abraço,
Marink Martins.
 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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