Global Investor #64: Em cinco razões: entendendo a rentabilidade do S&P500

10 de agosto de 2022
Nesta nova edição, Marink Martins explora algumas explicações para o sucesso dos ativos norte-americanos nos últimos 30 anos. Paralelamente, enfatiza tese de que é chegada a hora dos emergentes, em particular, o Brasil. Entenda 5 fenômenos que contribuíram para uma super valorização do índice S&P 500 nos últimos 30 anos!

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Alguns dizem que, olhando para o longo prazo, o preço de uma determinada ação deve acompanhar a sua lucratividade e o mesmo se aplica para um determinado índice…

Tratando-se do índice S&P500, o principal índice de ação da Bolsa Americana, ele nos apresenta um dado curioso! 

Desde 1990 até os dias atuais, a lucratividade das empresas que fazem parte desse índice subiram 850%, mas o S&P500 subiu apenas 1040% no mesmo período. Diante disso, pode surgir a pergunta: o que explicaria esse diferencial de rentabilidade?

Bem, o que é possível observar é que há uma expansão de múltiplo porque se em 1990, o múltiplo sobre o lucro projetado e materializado era de 13,6, hoje, esse dado no S&P está por volta de 18,5.

Existem diversas explicações para essa expansão de múltiplos desde a década de 90 até hoje. Mas hoje, você confere cinco pontos que podem elucidar esse diferencial.

A primeira explicação é o ponto de partida! 1990 foi um ano marcado por uma crise nos Estados Unidos, a crise do Savings and Loan  — a crise das cadernetas de poupança — fez com que o índice negociasse ao múltiplo um pouco abaixo da média. 

Naquela época, e um segundo fator, a taxa de juros básica americana — Fed Funds — estava por volta de 8%, mas hoje está em 2,25%. Esse dado, por si só, já contribui para uma expansão de múltiplo. 

Um terceiro fator está associado ao maior uso da tecnologia que avançou muito na década de 90 e nos anos subsequentes, ajudando intensamente o mercado de capitais. 

Os bancos se modernizaram e a possibilidade das pessoas negociarem com mais frequência,  através de plataformas de negociação, afetaram a precificação de ativos e commodities. Com isso, uma maior participação dos investidores, maiores usos de derivativos e os avanços dos fundos passivos  (ETFs)  e diversas outras inovações se fazem presentes até hoje.

O quarto item também envolve a tecnologia, pois contempla o fato de que as ações desse setor passaram a ganhar um maior peso no índice S&P500 e as empresas tech cresceram bastante e, agora, apresentam uma rentabilidade superior ao dos outros setores. Com isso, a própria existência do segmento de tecnologia, da forma que ele existe hoje com uma participação superior àquela registrada há 32 anos, certamente é um fator que contribui muito para a expansão de múltiplos. 

Por fim, o quinto item refere-se à participação do investidor estrangeiro nos Estados Unidos, a famosa NIIP (Net International Investment Position), essa deficitária em aproximadamente 18 trilhões de dólares em 2022. 

Contudo, o que se observa ao longo desses 30 anos, é que os Estados Unidos foram se tornando a grande referência do mundo capitalista, atraindo o capital de todos os lugares.

Os Estados Unidos, embora se apresentem como o grande centro de inovação no mundo, em termos de preço dos ativos, realizaram uma máxima de forma que, muito desses fatores, irão se reverter nos próximos anos, mesmo que parcialmente. 

Vamos fazer essa ''contagem’' de forma inversa e refletir sobre o quinto fator aqui citado. 

Essa participação dos estrangeiros, deficitária em cerca de 17 trilhões de dólares, significa que eles possuem mais dinheiro nos Estados Unidos do que os EUA detêm no restante do mundo. Mas, caso essa parte do dinheiro saia dos EUA e vá para a Ásia ou América do Sul, pode ser um movimento muito positivo para os mercados emergentes.

E, ao pensarmos sobre o quarto item, a participação do setor de tecnologia com as empresas mais valiosas do mundo (Apple, seguida pela Microsoft, Google e outras que cresceram significativamente), é possível que vejamos, nos próximos anos, uma certa “compressão” desses múltiplos, por mais leva que seja. 

Por outro lado, os emergentes que já se encontram com os múltiplos abaixo da média, podem ver uma expansão desses múltiplos até retomarmos as questões que levantam o primeiro e o segundo item: a taxa de juros do Fed Funds que, como já sabemos, está subindo e esse diferencial de taxa com relação ao que é praticado no resto do mundo também tende a diminuir, contribuindo, assim, para uma alta performance dos mercados emergentes. 

Aguardo você na próxima edição!
 


Um grande abraço, 
Marink Martins

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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