Global Investor #50: Gargalos logísticos apontados por Zoltan Pozsar

5 de maio de 2022
Zoltan Pozsar, em seu mais recente artigo, nos fala sobre diversos “gargalos logísticos” resultantes do conflito Rússia-Ucrânia que, de uma forma ou de outra, contribuem para impactar negativamente a liquidez global.

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor! 

Um artigo muito importante, publicado e escrito por Zoltan Pozsar, um estrategista focado em renda fixa de curto prazo no banco Credit Suisse, semanalmente, escreve os seus artigos que são acompanhados por muitas pessoas. 

No mais recente, ele escreve sobre alguns “gargalos logísticos”, denominados como Choke Points pelo estrategista. Pozsar inicia o seu texto dando ênfase ao gás nobre Néon. Mas, por que o Néon?

Normalmente, esse é um gás extraído via um processo siderúrgico. Esse gás é muito útil na produção de semicondutores!

Empresas como a holandesa ASML e a TSMC de Taiwan importam esse Néon, o qual grande parcela de sua produção é oriunda do Sul da Ucrânia. 

Existem duas grandes siderúrgicas no sul da Ucrânia que fornecem o Néon, mas, agora temos a Rússia tomando o Sul do país. Há uma especulação de que a Rússia vá, em breve, dominar a cidade de Odessa. Essa é uma situação que já está ocorrendo e Zoltan está pessimista em relação a esse conflito

O estrategista chamou a atenção a respeito de problemas associados às chamadas de margem daqueles que estavam expostos no mercado de commodities e também a respeito de um possível calote russo que ainda não se materializou, mas que poderá se concretizar e impactar todo o sistema monetário global. 

A questão do Néon é um importante “gargalo logístico”, isso é, há um gargalo associado à produção e outro associado ao transporte.

O Mar Negro, posicionado abaixo da Ucrânia, não está sendo devidamente policiado pela OTAN, gerando muita insegurança para as empresas que atuam nessa região, de forma que, para o Néon chegar na TSMC e em outras produtoras, está mais difícil e mais caro.

Todos esses gargalos, garantidamente, contribuem para um processo inflacionário. Isso gera outras problemáticas associadas à política monetária americana de elevar juros e fazer com que o custo do dinheiro fique mais elevado, e consequentemente, o patamar dos valores dos ativos de riscos fiquem mais baixos. 

No artigo de Zoltan, além da produção e do transporte do Néon, ele ressalta a questão do gás natural liquefeito (GNL) que a Rússia, praticamente, cessou o acesso ao gás. Países como a Polônia e a Bulgária já não possuem esse acesso.

Pozsar ainda fala do petróleo russo que chega aos seus consumidores, na maioria, por grandes navios conhecidos como VLCCs (Very Large Crude Carrier).

Entretanto, não existem tantos VLCCs à disposição, pois, agora com boa parte desses grandes navios estão sendo controlados pela China. Essa é mais uma situação de gargalos logísticos! 

Vivemos em um momento em que países, como a Índia e diversos outros, dependem muito da importação de petróleo. A demanda pelo acesso aos VLCCs está grande!

Curiosamente, os Estados Unidos, por meio de restrições das exportações, fizeram com que a empresa holandesa ASML, muito importante na cadeia de produção de semicondutores, ficasse impossibilitada de exportar diversos equipamentos para a China por razões de competitividade.

Agora, há uma situação em que tanto a Rússia como a China podem, de certa forma, “dar o troco nos Estados Unidos”, por meio de uma matéria-prima básica: o Néon.

É possível que nem mesmo a empresa ASML obtenha o Néon necessário para produzir os silicon wafer, logo, outros países poderão sofrer com a escassez de VLCCs, visto que a China controla boa parte deles. 

Zoltan vai além! O estrategista também comenta sobre os possíveis gargalos nas questões que envolvem o Irã e comenta as atuais dificuldades que ocorrem no Estreito de Ormuz e, ao fim do seu artigo, ele migra para as questões monetárias dos Estados Unidos (aperto monetário que está por vir, o quantitative tightening), além de ressaltar sobre as alavancagens dos Bancos, concluindo que a situação tende a piorar muito no quesito liquidez. 

Estamos no bear market e a liquidez está apertando! Na opinião de Zoltan, esse cenário deve apertar muito mais.

Essa é uma previsão do estrategista, é preciso se preparar para isso, pois, os seus argumentos parecem bem convincentes e, obviamente, muito embasados. 

 

Espero que tenha gostado da edição!

Um grande abraço, 
Marink Martins. 

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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