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Esse é um momento de transição nas políticas monetárias globais e, no Brasil, as taxas de juros já dispararam. Mas esse não é um fenômeno exclusivo nosso, isso ocorreu também em outros países.
Neste momento, toda a atenção no mercado está voltada para os próximos processos de normalização de taxas de juros nos Estados Unidos.
Na segunda-feira, 10 de janeiro, o mercado esteve tenso e o S&P chegou aos 4580 pontos, até que o Plunge Protection Team (um time capitaneado pela rede CNBC) trouxe Marko Kolanovic, analista do JP Morgan, recomendando aproveitar o momento e comprar as ações.
Logo em seguida, Tom Lee da FundStrat também enfatizou o mesmo e ainda na sequência, Jamie Dimon, também do JP Morgan, exaltou a economia americana, que estaria mostrando resiliência e a capacidade para tolerar aumentos de juros até 1.5%.
Entretanto, no momento, o FED está mais humilde, reconhecendo que subestimou a demanda por bens. O que se imaginava até então, era que a demanda fosse crescer focada em serviços.
O fato é que o FED, além de falar sobre aumento de juros, gera cada vez mais preocupações. Porém, surge a possibilidade de que o total de ativos do organismo volte para um determinado patamar. Caso isso aconteça, como o mercado irá lidar?
Existia um agente (neste caso o Federeal Reserve) comprando 120 bilhões de dólares em ativos mensalmente, que deixa agora de realizar tais compras.
Em simultâneo, há o tesouro dos Estados Unidos que precisa ser recapitalizado e a questão da TGA se faz presente. O caixa do tesouro dos Estados Unidos precisa ser recomposto, um dreno de liquidez de aproximadamente 700 bilhões de dólares.
Há afirmações de que o setor bancário dos Estados Unidos poderá e deverá agir de uma forma a compensar essa “pausa” do FED e que logo começariam a emprestar mais. Por isso, a narrativa de que “é bom vender ativos de longa duração (tech) e comprar bancos (commodities)” ganhou força.
É importante frisar que nos últimos cinco anos vivemos algo sem precedentes, é o exemplo das criptomoedas que foram exportadas para as outras classes, de forma que, o novo investidor que chegou ao mercado em meados de 2016, fruto de um processo de digitalização que se intensificou e que ainda se faz presente, gerou o investidor com sonhos altos.
E esse sonho se declinava conforme a taxa de juros também caía.
Contudo, a história está mudando, os múltiplos estão começando a ir em uma direção contrária, logo, sonhar fica mais caro.
Caso o S&P500 pegue um múltiplo de 21 vezes com um lucro projetado de até 240 dólares para um ano chegando próximo ao atual patamar, as possibilidades desse múltiplo se contrair em até 18 vezes ganham força.
Ao realizar essa conta, a possibilidade de um S&P cair de 5 a 10% se torna visível. É preciso entender essa atual dinâmica em concentração.
Bastou apenas o S&P cair 5% para que quedas homéricas acontecessem em outras frentes do mercado, em particular naquelas ideias transformacionais que atraíram muitos investidores e simplesmente perderam a noção da realidade. E o número de exemplos é elevado.
Não há dúvidas que os investidores entraram em um processo de compra através do sucesso no mundo das criptomoedas. As criptomoedas são ativos que sobem por razões mais associadas aos efeitos de redes e internet do que fundamentos que se fazem presentes no mercado acionário.
Não devemos pensar que, o que ocorreu nos últimos cinco anos tende a se repetir. Esse tipo de “exuberância irracional” provavelmente não se repetirá na próxima década
Essa é uma visão um pouco mais cautelosa, mas não necessariamente pessimista.
Espero que tenha gostado dessa edição!
Um abraço,
Marink Martins.