Global Investor #31: "The Great Resignation"

15 de dezembro de 2021
Nesta edição, Marink Martins detalha os impactos diante do movimento “A Grande Renúncia”. Entenda a íntegra sobre a insatisfação dos trabalhadores norte-americanos com as atuais condições de trabalho.

 

Bem-vindo(a) a mais uma edição da newsletter Global Investor!


Na última edição da Global Investor, abordei a sugestão que diz respeito ao trade da convergência, trazendo a possibilidade de que o nosso índice local, o Ibovespa, estivesse aparentando uma recuperação sobre o índice americano, o S&P500.

Uma convergência que representa uma oportunidade que já vem se materializando.

Discutir e apresentar mais argumentos para você conseguir transitar nesse mercado com mais convicção, é a missão da Global Investor de hoje!

 

 

Na semana passada, houve uma retomada do impulso creditício na China, um assunto extremamente importante para os mercados emergentes e ainda mais importante para o Brasil.

Afinal, a percepção do investidor estrangeiro é de que o Brasil é apenas um exportador de commodities e o exterior se beneficia muito desse estigma.

Obviamente o Brasil é muito mais do que apenas um exportador de commodities!

O Brasil tem a ciência dos problemas que envolvem o Congresso, entretanto, o investidor estrangeiro se concentra em temas específicos, e o Brasil, neste momento, está evidente!

O país, durante um período extenso, andou mal, entretanto, julgo ser agora um momento de recuperação para os ativos brasileiros.

Mas, esse foi um assunto da semana passada, como esse cenário se comporta agora?

A “The Great Resignation”, um movimento que agora está ocorrendo nos Estados Unidos, mostra que diversas pessoas estão abandonando seus postos de trabalho.

Toda essa  insatisfação se justifica pelas condições atuais de trabalho. Sejam por razões sanitárias, sociais entre outros fatores. Há um número crescente de trabalhadores que simplesmente não estão retornando ao mercado de trabalho.

Julgo que isso se dá em função de um mercado de bolsa que não para de subir!

Com as ações, planos previdenciários subindo e as criptomoedas se valorizando, os preços geram cada vez mais confiança para o investidor.

Um flashback do que aconteceu em 1999 quando muitas pessoas abandonaram as suas profissões para fazer Day Trade na bolsa. 

E dessa vez, o Day Trade não está tão em alta, afinal, a tendência do momento é o momento Invester!
 
“Está dando certo? Compre!”

Esse é o zeitgeist do momento, o espírito alinhado com o momento!

A imagem abaixo é uma evidência desse declínio na força de trabalho dos EUA que contribui para as pressões salariais vistas nos últimos meses na economia americana.

Nos anos 2000, as pessoas se interessavam apenas por Day Trade, o mercado é assim! Está em constantes mudanças.

Essa great resignation é importante no que diz respeito à decisão a ser anunciada pelo Fed hoje!

É esperado que o Fed dobre o ritmo do tapering, isso é, a remoção dos estímulos será dobrada, e também, acoplado aos preços futuros no mercado há uma grande expectativa de que será promovida uma normalização nas taxas de juros.

Atualmente, essa taxa se encontra entre 0 e 0.25%, o mercado vem trabalhando com uma expectativa de 25 basis points por ano. 

Isso é: três aumento de 0.25% ao ano e taxa passa a ser 1% no ano, no ano seguinte, 2% e assim sucessivamente. 

Essa é uma expectativa do mercado!

Entretanto, Bill Dudley, o ex-presidente do Fed de Nova York (o principal regional dentre os Feds) compreende perfeitamente essa dinâmica - quando o Fed está atrás da curva ou, quando o Fed está atuando de forma mais preventiva - e ele detém uma opinião de que o Fed está muito atrás.

O Fed de NY é o que conduz as operações de mercado aberto, é ele quem compra e vende os treasuries.

 

Bill Dudley, o ex-presidente do Fed de Nova York fonte: www.treliant.com


Ao contrário do mercado, Dudley acredita que o Fed tenha que elevar a taxa em até 2% por ano. 

Esse é um cenário bem chocante, enquanto o mercado trabalha com 0.75% e o Bill Dudley comentando sobre  2%.

Naturalmente, Dudley se refere a uma época em que o Fed precisou correr atrás da expectativa do mercado no ano de 2004, quando os juros estavam em 1% e o Fed elevou a  taxa até 5.25%

Caso o mercado chegue hoje na metade do que era em 2004, o mercado de renda variável certamente não vai aguentar!

E o questionamento é o seguinte: será que o Fed irá deixar a bolsa cair?

Há pessoas que julgam que sim!

Afinal, atualmente a economia americana está girando em alta pressão, a famosa repression economy.

A expansão monetária vem crescendo em um ritmo consideravelmente acelerado e há diversos estímulos fiscais.

Isso acontece em um mercado no qual a força americana vive a The Great Resignation!

Antes da pandemia do Covid-19, a participação do trabalhador na força de trabalho era de 63.5% e com a pandemia, esse desempenho  caiu para 60%, e agora, a recuperação estabelece um parâmetro de 61.6%.

E esse é parâmetro que devemos focar!

Caso a porcentagem de participação do trabalhador não avance sobre o atual patamar, provavelmente, acontecerá uma instauração de uma certa espiral no que diz respeito aos aumentos salariais.

Essa é a grande preocupação daqueles que acompanham o mercado!

E para evitar esse cenário, o Fed precisará elevar os juros de forma mais rápida. Caso isso ocorra, provavelmente acontecerá uma queda mais acentuada nos ativos de longa duração, sejam eles os ativos especulativos ou os ativos associados à tecnologia.

Devemos observar como o mercado irá reagir.

Porém, de uma forma ou de outra, julgo que o Brasil está à frente, e agora está em um momento de recuperação, mesmo que essa recuperação seja relativa. 
 
Mas atenção! Essa não é uma recomendação para comprar o Ibovespa!

Trade da convergência é uma operação relativa!

Esse é um aspecto importante que deve ser totalmente compreendido!

 

Espero que tenha gostado desta edição!


Um grande abraço, 

Marink Martins.

Conheça o responsável por esta edição:

Marink Martins

Especialista em Opções e Mercados Globais

Formado em Finanças pela University of North Florida, em Jacksonville, Marink Martins é um dos maiores especialistas do Brasil em operações não direcionais, com especial foco em Opções e em volatilidade. Em seus mais de 20 anos no mercado financeiro, experimentou as euforias da Bolsa de Valores e sobreviveu às suas piores crises, tendo contato com as principais estratégias de investimento em Wall Street.

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