Do Mercado #73: Para alocar o seu capital de forma eficiente, olhe os sinais do mercado!

15 de outubro de 2022
É certo que a eleição presidencial brasileira é um momento muito delicado para os mercados e, com ela, as expectativas geram muita volatilidade! Entretanto, essa deveria ser uma preocupação secundária, pois o nível de problemas vistos no cenário internacional é maior que o gatilho no ambiente nacional!
 

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Em um fundo de investimentos, olhamos vários ativos; o comportamento da Bolsa, as moedas, o mercado internacional de juros e, definitivamente, aquilo que está apresentando um sinal mais forte, com o maior peso, comportando-se quase de forma linear, em termos de depreciação e elevação de perda de risco, é justamente os juros

Os juros é o mercado mais técnico, onde os grandes bancos, fundos e as grandes seguradoras operam. Mas, sem perceber, fazemos parte ativamente desse mercado. Os nossos depósitos, empréstimos e tudo o que é denominado “em caixa”, na economia, sofre o poder da renda fixa.

Esse ativo tem se depreciado, de uma forma global, mas não aqui no Brasil, muito pelo contrário! No exterior a situação está piorando muito

Esse é o caso da Inglaterra, que vive uma situação em que o país começou a entrar em uma “espiral de morte”, com uma alta de juros. Isso é algo inédito dos últimos 100 anos, tratando-se de um país subdesenvolvido, o qual, quanto mais a inflação aumenta, mais os seus juros sobem, a sua moeda se deprecia e a Bolsa cai.

Antes da Segunda Guerra Mundial, o Banco da Inglaterra já foi considerado o mais importante do mundo, mas, agora, por medidas desesperadas, teve que conter a depreciação da Libra, fazendo um tipo de mecanismo de última hora para tentar dar liquidez aos seus títulos públicos de curto prazo. Esse é um problema de liquidez de emerging markets.

O Banco Central Inglês resolveu reativar o QE (quantitative easing), dessa forma, comprando no mercado secundário os papeis e os títulos públicos. O que, em outras palavras, significa: imprimir dinheiro

Com isso, foi possível ver a Libra se recuperando e o título de 10 anos da dívida inglesa, chegou a bater 5%, sofrendo uma desvalorização de 10 vezes, um impacto de quase 40% no preço do papel.

Nesta semana, após esse movimento, foi possível ver o título cair para 3%, voltar para 4% e chegar aos 5% novamente. Esse movimento realizado pelo BoE, basicamente, foi o que proporcionou um alívio no mercado logo após as eleições. Um movimento também desfeito nas Bolsas internacionais.
Já no Brasil, o mercado ainda está muito compenetrado em olhar a dinâmica da Petrobras e as novas políticas monetárias com o resultado das eleições, mas, essa deveria ser uma preocupação secundária, pois o nível de problemas vistos lá fora é maior que o gatilho no ambiente nacional. 

Algo importante para se lembrar é que: muitas pessoas, após esse movimento do Banco Central Inglês, acharam que os BCs vão intervir sob qualquer problema. Bem, essa era uma indicação e, por isso, foi possível ver uma reação tão forte na Bolsa norte-americana.

Nesta atual crise internacional, o que temos visto são os bancos centrais se mostrando impotentes para reagir às demandas dos mercados. A mesma coisa se aplica ao Federal Reserve. Caso o mercado norte-americano piore, o FED não tem espaço para mudar!  

A grande preocupação se volta para o cenário exterior, quando o FED pivot vai começar a apoiar risco de mercado. 

O BoE reagiu e atuou ao conseguir gerar liquidez (na margem isso funcionou para o mercado não ter risco sistêmico), mas, ao olhar para o nível dos juros e da Bolsa, praticamente uma semana após essa medida, voltamos para o mesmo lugar.

Se algo de muito ruim acontecer no mercado americano e o FED tiver que adotar alguma conduta, não necessariamente isso irá garantir que os ativos vão se comportar como eram no passado. E, nos fundos, o mercado de juros ainda continua piorando e já temos na curva de Fed Funds (curva futura de juros americana de curto prazo) prevista de 5% para menos de seis meses.

A deterioração generalizada das curvas de pré não faz notícia, porém é mais um importante indicador para onde vai o mercado. 

Olhe para os sinais que o próprio mercado está dando para saber como alocar o capital de forma eficiente. Com certeza a grande volatilidade é negativa e uma destruição de patrimônio generalizada nos países desenvolvidos se aproxima.

Mas, isso não significa que não há oportunidades…

Espero você na próxima edição!

Um grande abraço,
Rodrigo Natali. 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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