Do Mercado #42: De folga na guerra

7 de março de 2022
Enquanto todo o mundo está na ativa, a última semana do mês de fevereiro no Brasil é um período de festa. Porém, neste ano, o feriado o Carnaval aconteceu simultaneamente aos eventos da guerra.
 

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Semana passada tivemos o feriado de Carnaval que acontece apenas no Brasil. E, tanto na segunda, 28 de fevereiro, quanto na terça-feira, 1º de março, os mercados mundiais abriram normalmente (Europa, Estados Unidos etc.). E, obviamente é impossível desvincular as diversas notícias provenientes da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, dessa forma, ainda mais eventualidades decorreram. 

Em todas as Bolsas, durante a segunda e a terça-feira, os mercados comportaram-se extremamente voláteis e, na manhã de quarta-fera, abriram ainda piores. Conforme o decorrer do dia, o cenário foi melhorando, mas esse desenvolvimento aconteceu justamente antes da abertura da Bolsa do Brasil (na Quarta-feira de Cinzas após às 13h). 

Essa questão pode parecer indiferente, porém, resultou grandes impactos! E, até o momento, estamos sofrendo as consequências do feriado de Carnaval.

O mercado nacional abriu praticamente inalterado se comparado com o encerramento de sexta-feira ao observar o fechamento da Quarta-feira de Cinzas (não na abertura, pois, nesse momento, o dólar estava a R$ 5,22 e fechou o dia em R$ 5,13). Logo, um fechamento contra o outro teve como resultado: na quarta-feira o dólar fechou a R$ 5,13, e na sexta-feira o dólar fechou a R$ 5,15, praticamente instável.

Isso provoca um impacto muito importante! 

Os modelos de riscos globais, principalmente o VaR (Value at Risk), utilizado para calcular margens de depósitos de garantia para as operações de futuros e também para calcular o risco de cada ativo, é baseado no fechamento dos ativos recentes. 

Esses foram dois dias de extrema volatilidade que afetaram o modelo de risco, e no dia de abertura nacional ruim, o mercado brasileiro fechou, praticamente, instável em relação à sexta-feira.

Ao observar os números nacionais, não foi possível examinar grandes movimentos entre sexta e quarta-feira. Apesar dos ativos brasileiros sofrerem, pois, o país também possui ativos que operam no exterior (como Vale e Itaú), houve uma grande oscilação no começo da semana.

Ao analisar o VaR de todos os ativos mundiais, o do Brasil está baixo e aparenta estar mais seguro. 

Como a alocação de capital mundial considera o risco percebido através dessas métricas, atualmente, o Brasil está com o VaR mais baixo comparado com os mercados tradicionais —  como Inglaterra e S&P Americano — fazendo com que o investidor global, ao migrar o capital, hoje, da Bolsa americana para a Bolsa brasileira, obtenha uma redução em seu risco, mesmo estando em direção a um mercado emergente (emerging market como o Brasil é).

O Brasil é um país que, tradicionalmente, apresenta uma maior volatilidade se comparado com a bolsas americana e inglesa, por exemplo. O mercado nacional é conhecido como High Beta. 

Nosso país é uma região que oscila muito mais devido aos eventos mencionados e outros. Ao olhar a recente volatilidade — que foi muito grande lá fora e aqui ela não existiu pelo feriado de Carnaval —, há possibilidades de uma certa migração de capital para o Brasil. O efeito parece pouco relevante, mas uma oscilação muito grande pode ter acontecido!

A impressão se dá devido a uma distorção matemática: “O mercado aparenta ser mais seguro do que realmente é”.

Mas, o que é necessário para que essa impressão mude? Apenas uma única coisa!

O mercado nacional resultou em um dia de oscilação e o nível da volatilidade histórica precisa voltar aos parâmetros estáveis, isso é, não abaixo da volatilidade percebida nos Estados Unidos e nas Bolsas envolvidas!

Espero que tenha gostado da edição!

Um grande abraço,
Rodrigo Natali. 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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