Bem-vindo(a) a mais uma edição da Do Mercado!
Semana passada tivemos o feriado de Carnaval que acontece apenas no Brasil. E, tanto na segunda, 28 de fevereiro, quanto na terça-feira, 1º de março, os mercados mundiais abriram normalmente (Europa, Estados Unidos etc.). E, obviamente é impossível desvincular as diversas notícias provenientes da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, dessa forma, ainda mais eventualidades decorreram.
Em todas as Bolsas, durante a segunda e a terça-feira, os mercados comportaram-se extremamente voláteis e, na manhã de quarta-fera, abriram ainda piores. Conforme o decorrer do dia, o cenário foi melhorando, mas esse desenvolvimento aconteceu justamente antes da abertura da Bolsa do Brasil (na Quarta-feira de Cinzas após às 13h).
Essa questão pode parecer indiferente, porém, resultou grandes impactos! E, até o momento, estamos sofrendo as consequências do feriado de Carnaval.
O mercado nacional abriu praticamente inalterado se comparado com o encerramento de sexta-feira ao observar o fechamento da Quarta-feira de Cinzas (não na abertura, pois, nesse momento, o dólar estava a R$ 5,22 e fechou o dia em R$ 5,13). Logo, um fechamento contra o outro teve como resultado: na quarta-feira o dólar fechou a R$ 5,13, e na sexta-feira o dólar fechou a R$ 5,15, praticamente instável.
Isso provoca um impacto muito importante!
Os modelos de riscos globais, principalmente o VaR (Value at Risk), utilizado para calcular margens de depósitos de garantia para as operações de futuros e também para calcular o risco de cada ativo, é baseado no fechamento dos ativos recentes.
Esses foram dois dias de extrema volatilidade que afetaram o modelo de risco, e no dia de abertura nacional ruim, o mercado brasileiro fechou, praticamente, instável em relação à sexta-feira.
Ao observar os números nacionais, não foi possível examinar grandes movimentos entre sexta e quarta-feira. Apesar dos ativos brasileiros sofrerem, pois, o país também possui ativos que operam no exterior (como Vale e Itaú), houve uma grande oscilação no começo da semana.
Ao analisar o VaR de todos os ativos mundiais, o do Brasil está baixo e aparenta estar mais seguro.
Como a alocação de capital mundial considera o risco percebido através dessas métricas, atualmente, o Brasil está com o VaR mais baixo comparado com os mercados tradicionais — como Inglaterra e S&P Americano — fazendo com que o investidor global, ao migrar o capital, hoje, da Bolsa americana para a Bolsa brasileira, obtenha uma redução em seu risco, mesmo estando em direção a um mercado emergente (emerging market como o Brasil é).
O Brasil é um país que, tradicionalmente, apresenta uma maior volatilidade se comparado com a bolsas americana e inglesa, por exemplo. O mercado nacional é conhecido como High Beta.
Nosso país é uma região que oscila muito mais devido aos eventos mencionados e outros. Ao olhar a recente volatilidade — que foi muito grande lá fora e aqui ela não existiu pelo feriado de Carnaval —, há possibilidades de uma certa migração de capital para o Brasil. O efeito parece pouco relevante, mas uma oscilação muito grande pode ter acontecido!
A impressão se dá devido a uma distorção matemática: “O mercado aparenta ser mais seguro do que realmente é”.
Mas, o que é necessário para que essa impressão mude? Apenas uma única coisa!
O mercado nacional resultou em um dia de oscilação e o nível da volatilidade histórica precisa voltar aos parâmetros estáveis, isso é, não abaixo da volatilidade percebida nos Estados Unidos e nas Bolsas envolvidas!
Espero que tenha gostado da edição!
Um grande abraço,
Rodrigo Natali.