Do Mercado #36: Alerta para as previsões do cenário

25 de janeiro de 2022
Nesta nova edição, Rodrigo Natali faz um alerta! O ano apenas começou e as perspectivas para o mercado orientam resguardo.
 

Bem-vindo (a) a mais uma edição da Do Mercado!


O ano de 2022 mal começou e já é possível obter ideias do que vem pela frente. Uma grande volatilidade!

Vários movimentos fortes já aconteceram, cenários não vistos em 2022. 

Um exemplo disso é o S&P, a bolsa americana e o Nasdaq que chegaram a fazer novas máximas para depois caírem 8%, e no caso de Nasdaq e de diversas empresas de tecnologias menores, esses chegaram a cair até 40% em relação as suas máximas do ano passado.

No Brasil o mercado foi buscar as mínimas com o índice chegando próximo de 101 mil pontos, com o índice de small caps caindo.

O small 11 — o principal índice das empresas —, bateu a cotação abaixo de 100 reais, e em seguida, nos próximos 10 dias, reverteu e subiu 10%.

Uma das razões que explicam o dólar cair fortemente é que o investidor estrangeiro voltou a fazer o famoso trade de carry. Isso é, o investidor norte-americano vende os futuros mais longos lá fora através de uma mesa de clientes e o banco que recebe a NDF (Non-Deliverable Forward), vende o dólar futuro curto e faz o pré longo para fazer o hedge.

Em determinados dias esse foi um claro movimento, fazendo com que, talvez, essa dinâmica no câmbio tenha acelerado a queda.

Outro interessante movimento, no início do mês de janeiro, foram os fundos multimercados que estavam em composições divididas.

Ao olhar para os fundos, metade ganhava quando a bolsa melhorava, e metade piorava quando a bolsa melhorava. Fundos de posições pessimistas e fundos otimistas. As composições estavam divididas

Com esse movimento mais forte de apreciação, não somente do índice, mas também do dólar, o que se viu foi: os fundos que estavam com posições erradas começaram a zerar. Isso ocasionou um movimento na terça-feira da semana passada, 18 de janeiro: a bolsa brasileira em dólar subiu 3% e bolsa americana caiu 1.5%.

Essa é uma performance de 4.5% melhor contra a bolsa americana, um movimento raro que nos últimos 20 anos aconteceu menos de 1% dos dias de mercado. 

E no dia seguinte, surpreendentemente, ele se repetiu!

Novo dia, nova forte queda na bolsa americana, enquanto a bolsa brasileira subiu expressivamente. Isso se deu sem notícias objetivas para ocasionar esse evento, simplesmente foi um efeito técnico que faz relação com as reações de fundos e talvez com a nova entrada de capital dos investidores estrangeiros. 

Após analisar todas as evidências extremas de volatilidade, voltamos com a mensagem de cautela!


 

Movimentos fortes como esse não indicam o começo de um longo ciclo de recuperação, pelo contrário, indica que a volatilidade irá perdurar por um certo tempo. 

Acreditamos nos exageros por ambos os lados, isso foi possível de perceber nas carteiras da Inversa, adicionamos riscos e vimos a bolsa despencar e reduzimos os riscos quando vimos a bolsa andar. 

A pessoa física deveria ser expor menos aos riscos e tentar obter algum tipo de ativo que proporcione defesa e proteção. Isso é, ter bastante dinheiro em caixa e ter em papeis a defender contra a inflação, ou se proteger com as exportadoras que possuem a renda em dólar e empresas posicionadas para vender para a China, um país que voltou a realizar estímulos monetários. 

Além disso, as exportadoras brasileiras são empresas antigas que já enfrentaram todos os alvoroços em diversos anos eleitorais, algumas até mais traumáticas do que a que se espera para este ano. 

De fato, não é possível saber, mas as hipóteses de viver um cenário não tão feliz neste ano eleitoral são grandes! 

As últimas indicações não são boas e observamos o mercado, agora, mais frágil, muito diferente da bolsa americana há seis meses quando a mesma realizava mínimas atrás de minímas e alguns ativos favoritos não paravam de cair.

Parte do dinheiro dos brasileiros foi para os Estados Unidos buscar segurança em um momento errado. Saindo com o dólar a R$ 5,70 para comprar criptomoedas e BDRs nas máximas, e ressaltando, fomos contra isso!

Entretanto, se posicionar contra não adianta, existe um modelo de negócio no Brasil que acaba influenciando as pessoas a venderem aquilo que está caindo e comprar aquilo que está subindo.

Esse é um movimento errado!

E quem realizou esse movimento está perdendo em tudo: as criptomoedas, o câmbio e os BDRs despencaram!

A bolsa americana caiu 8% e precisa cair mais 20% para se estabilizar, ela está acima de 60% desde o começo da pandemia enquanto a bolsa brasileira está 10% abaixo.

Nos Estados Unidos há muito espaço para deterioração.

Acreditamos que nossos ativos tendem a performar em qualquer cenário de risco, sendo menos influenciado por esses eventos, porém, um movimento mais forte no exterior, com certeza, reflete na bolsa e no câmbio brasileiro.

Caso os ativos lá fora comecem a cair e aqui permaneçam bem, o investidor estrangeiro vai retirar dinheiro de onde estiver ganhando e, no Brasil, o dinheiro vai parar de entrar e começará sair. 

Não é possível confiar que o investimento especulativo veio para ficar, mesmo sendo um investimento que tende a durar mais no longo prazo e ficar mais “estável” em momentos de pouca volatilidade, não dando resultado, em qualquer movimento de liquidez, as pessoas vão buscar capital disponível onde tem!   

Vimos isso aqui no Brasil, muitas empresas foram vendidas com preços baixos, e hoje em dia, muitas empresas estão operando abaixo de seu valor patrimonial.

Esse é um cenário sem muitas chances de mudanças, e as discussões politicas no Brasil estão apenas começando. E essas sim, guardam muitas surpresas.

O mercado americano apenas iniciou as altas de juros e o movimento de normalização dos estímulos quantitativos. 

Já é possível observar o mercado financeiro operando de forma bem pior. E para esse ano eleitoral, não perder dinheiro já é lucro.

O conselho é: ficar menor e se manter protegido, pois, ao longo do caminho, novas oportunidades podem aparecer! Resguarde-se e invista quando tudo estiver mais claro!

 

Espero que tenha gostado desta edição!

 

Um grande abraço,
Rodrigo Natali.

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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