Do Mercado #29: Migração de fluxo

6 de dezembro de 2021
Nesta nova edição, Rodrigo Natali exemplifica a liquidez e as quedas que se encontram entre os fluxos das maiores empresas e os fluxos das small caps.
 

 

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Nos últimos dias, vimos acontecer um fenômeno que não é incomum, mas é raro! Afinal, as condições necessárias precisam existir para que ele se manifeste.

O overhang está acontecendo no mercado de small caps contra as maiores empresas. 

Nesse atual movimento de queda nas ações, para as ações de menor liquidez e para as pequenas empresas, é normal que elas percam a quantidade negociada do dia, ou seja, percam a liquidez

Simultaneamente a esse movimento que vem ocorrendo desde os últimos três meses, a bolsa vem sofrendo. A indústria de fundos que investe neste tipo de ativo, — os fundos de bolsa e os fundos de multimercado — sofreram níveis recordes de saques no ano. 

O último dado oficial divulgado pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) do dia 22 de novembro, demonstra um acumulado de 13 bilhões de retiradas referentes ao mês de outubro, e agora provavelmente teremos um dado maior sobre novembro.

Pelos dados que acompanhamos diariamente, já sabemos que o mês de novembro resultou pior.

Com os fundos sofrendo esses saques, se faz necessário transformar os ativos em caixa para poder pagar os cotistas. 

A maioria dos fundos possui um prazo de 30 dias para realizar os pagamentos. 

E esse fenômeno que está acontecendo agora, deve continuar acontecendo por cerca de um mês. 

Os fundos, às vezes, adiantam o seu processo de realizar a liquidez, porém, em um mercado que sofre quedas, normalmente, ocorre o contrário. Tende-se a postergar na esperança que o ativo pegue mais liquidez para conseguir vender.

Mas, o que já é evidente e a única opção, para criar esse caixa e pagar os cotistas que estão saindo, é vender o que pode.

Normalmente, as ações que possuem liquidez constante são as das maiores empresas. É a ação da Petro, ação da Vale, ação da Suzano, e não as ações de pequenas empresas, ações como as da Magazine Luíza e da Cogna, etc.

Um exemplo, se o investidor possui uma proporção de 80% do capital em ações de alta liquidez e 20% do capital em ações de baixa liquidez e precisa realizar um saque, com o interesse de manter a proporção original, esse investidor terá a facilidade de vender os 80% e dificuldade em vender os 20%. 

Os fundos vendem mais nas ações maiores e menos nas menores e, depois, com o passar do tempo, eles vão ajustando, ou seja, passando a vender mais das pequenas e comprando mais das grandes.

Isso gera um efeito óbvio e muito claro nos papéis.

Diariamente, e nos últimos 10 dias, as empresas maiores têm performado melhor do que as menores.

Um fenômeno que acredito que possa durar semanas! 

Vamos exemplificar:

No dia primeiro de dezembro, a composição do MATB11 que tem as maiores exportadoras, subiu 1.80% e o SMALL11, que nem mesmo é um bom índice para exemplificar as pequenas empresas, mesmo assim caiu 1.80%.

No dia em que o MATB11 subiu 1.80% o SMALL11 caiu 1.80%, e esse já era o oitavo dia seguido que isso vinha acontecendo. 

O dia em que o Ibovespa está de lado, um setor sobe e outro cai.

No dia em que a bolsa sobe como um todo, as empresas maiores sobem mais do que as menores, e no dia em que a bolsa despenca, as menores caem muito mais do que as maiores. 

Esse efeito está contratado por causa dessa migração de fluxo, ele vai acontecer. 

Lembrando que aqui na casa, estamos mais otimistas, não temos nada contra as small caps, considerávamos e ainda consideramos que elas estão caras, mas, quem sabe se no final desse fenômeno elas estejam com técnico bom e com preço bom?

De repente, mais adiante, pegamos uma parte das nossas carteiras e migramos um pouco para as small caps... Vamos aguardar!

Obrigado!


Um abraço, 

Rodrigo Natali. 

Conheça o responsável por esta edição:

Rodrigo Natali

Estrategista-Chefe

Rodrigo Natali tem graduação e MBA pela FGV. É especialista em câmbio e macroeconomia, tem 25 anos de experiência no mercado financeiro, tendo passado por diversas instituições nacionais e internacionais onde exerceu a profissão de trader e gestor de fundos de investimento multimercado.

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