Inversa na Copa #4 - Esqueça a vodca: Alma se lava com cerveja na Rússia

27 de junho de 2018
Brasil avança, enquanto os alemães choram

Caro leitor, cara leitora,

Depois da vitória indiscutível da Seleção sobre a Sérvia e da eliminação alemã, nesta quarta-feira, nada melhor do que matar a sede para lavar a alma e comemorar. E quando o assunto é festa, os russos são famosos no mundo todo, comumente atrelados ao consumo de vodca. Mas o que poucos estrangeiros sabem é que há um mercado em franca expansão por aqui: o de cervejas artesanais.

E esse fenômeno recente não se restringe apenas à capital Moscou, palco da classificação brasileira à segunda fase da Copa nesta quarta. Vai além, e encontra em São Petersburgo um destino ideal. Atualmente com 60 marcas, a segunda maior cidade russa – assim como São Paulo e Rio de Janeiro – vive um autêntico boom das craft beers.

Uma característica geral é o fato de que os russos bebem a cerveja mais quente que a gente – vai desde “temperatura ambiente” até “geladinha, mas longe de estar trincando”. Isso não chega a ser ruim, porque normalmente os dias são frios e a cerveja é boa o suficiente para ser bebida sem estar tão gelada – e, no fim, a gente acaba se acostumando.

As cervejas encorpadas e saborosas feitas por pequenos produtores independentes são destaque em dois bares especializados no assunto no centro de São Petersburgo. Ambos são vizinhos e movimentam a já agitada avenida central, a Nevsky Prospect.

O Kriek, por exemplo, é uma simpática taverna de inspiração belga. Nele tomei uma IPA bem redonda, seguida por uma APA cujo nome homenageia Dostoievsky, que escreveu algumas de suas principais obras na cidade: a Karamazov Bros.

Dostoievsky, por sinal, passou um tempinho preso em São Petersburgo, e quem mandou prendê-lo foi seu publisher, após o escritor perder o prazo de entrega de um texto – que os editores da Inversa, em São Paulo, não precisem chegar a tanto.

Já no Beer Family, provei uma blonde e outra que o garçom recomendou. Havia nada menos que 450 opções de artesanais no cardápio do lugar.

Sem dúvida, vale a pena beber na companhia dos russos. Eles são animados, acolhedores, bons de papo e estão – e essa é uma impressão absolutamente generalizada – muito, muito felizes de receber os turistas do mundo todo por aqui.

Entre brindes e risadas, é possível fazer amizade com alguma facilidade e conversar sobre tudo: futebol e política, economia e guerras, praias e literatura. Sobre cervejas, por exemplo, logo me contaram que a Brahma era bastante popular na Rússia uns 15 anos atrás, mas que depois sumiu. Agora, as principais marcas estrangeiras são a Carlsberg e as alemãs, como a Paulander e a Lowerbrown.

A fábrica da maior cervejaria artesanal de São Petersburgo, a Vasileostrovskaya, foi inaugurada em 2002, o que faz da marca uma pioneira no movimento local das cervejas artesanais. No primeiro ano, ela produzia 20 mil litros por mês de apenas um tipo de cerveja, a lager. Agora, faz 500 mil litros mensais, de 29 tipos de cerveja, que vende por toda a Rússia – de Kaliningrado a Vladivostok.

Ela já tem dois laboratórios para controle do sabor, emprega 50 pessoas em turnos de 24h, usa ingredientes importados de qualidade (malte alemão, belga e finlandês), os rótulos são bonitos e criativos.

      

E quando o assunto é burocracia e controle do Estado, a impressão é de que se trata de algo parecido com o Brasil, ou seja, não falta burocracia. Em uma das máquinas, na qual as cervejas surgiam prontas e engarrafadas em uma esteira, uma tela controlava o volume de produção para informar esse dado ao governo. Enquanto conversávamos, quatro garrafas passaram pelo equipamento, e Serguei apontou a tela e brincou: “mais quatro cervejas, e o Putin já sabe”.

Com tantas opções, o que parece mesmo ser o único lugar ruim para se tomar cerveja em São Petersburgo é dentro do estádio de futebol. As filas são longas e paguei o equivalente a 80 reais para comprar duas Budweisers quentes, um hambúrguer (esse, sim, frio) e um saquinho de batatas chips.

De modo geral, a principal influência do país, no que diz respeito às cervejas, são mesmo os alemães e os belgas. A cerveja importada parece ser um dos poucos produtos que driblam bem o embargo comercial imposto à Rússia três anos atrás, que fez desaparecer muitas marcas europeias dos supermercados – embora elas ainda possam ser encontradas nas redes mais sofisticadas.

Bem... Agora já planejo a viagem a Samara, palco do duelo decisivo da Seleção contra o México na próxima segunda-feira, pelas oitavas da Copa. Ainda tenho muito a falar por aqui até lá - Bolsa de Valores, mercado imobiliário e outras facetas estão no radar. Mas prometo responder também às dúvidas e sugestões que estão chegando pelo copa@inversapub.com

E que venha o México!

Forte abraço e até breve,

Pedro

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