Inversa na Copa #2 - O bombom de vodca do Putin

20 de junho de 2018
Comprado e vendido na Rússia

Caro leitor, cara leitora,

Aqui em São Petersburgo, sede do próximo jogo da Seleção Brasileira, amanhã, contra a Costa Rica, sinto que estou pisando na fronteira entre duas Rússias. É como estar comprado e vendido em uma única operação, sujeito a inúmeras surpresas pelo caminho.

Um exemplo? Acabo de encontrar um busto do Lênin de chocolate branco de 3 quilos por 225 reais. Ainda que, para levar, obviamente acabei optando por lembranças mais em conta, como as caixas de três bombons de vodca com estampa do rosto de Putin, por 25 reais cada uma.

Onde Moscou é elitismo e glamour, São Petersburgo é desigualdade. Onde Moscou é a Europa desenvolvida, São Petersburgo é a confusão do leste europeu. Aqui o capitalismo trouxe na bagagem aquilo que tem de melhor e pior.

Após décadas de estagnação econômica, o capitalismo chegou por aqui no início dos anos 1990. Ele trouxe consigo bares e restaurantes modernos, uma frota de carros mais atualizada, um ar cosmopolita para toda a cidade.

E trouxe também um lado menos edificante da economia de mercado. Agora, a cidade que projetou para o mundo o balé Kirov, e onde Tchaikovsky e Korsakov compuseram obras importantes, vive cheia de carros tocando hip-hop americano no último volume.      


Nos últimos dias, um grupo de leitores da Inversa está multiplicando seus retornos com dólar em carteira. E a moeda americana ameaça disparar ainda mais, podendo até dobrar de valor. Este conteúdo 100 por cento gratuito explica como é possível também pegar carona nessa alta, apostando no ativo que é referência tanto no Brasil como na própria Rússia.


Os cinemas onde passavam clássicos de Eisenstein agora trazem cartazes de blockbusters hollywoodianos. As ruas onde viveram Pushkin e Dostoievsky estão cheias de pessoas que vendem quadros de qualidade duvidosa para conseguir algum dinheiro para sobreviver.

Quando acordo, a rua em que estou hospedado é um clichê da Rússia dos anos 90. É um beco sujo e degradado, cheio de carros velhos estacionados, onde a qualquer momento vai aparecer um mafioso de cabelo raspado e jaqueta de couro.

Mas ele nunca aparece e, aos poucos, vou entendendo que ficar onde estou não é uma roubada, esse é só “o jeitão da coisa” por aqui.

                    
Acontece que minha rua é o miolo de um quarteirão, para onde dão os fundos das casas e comércios. Quando saio na calçada propriamente dita e caminho apenas duas quadras, than-nam!, estou na Nevsky Prospect, a mais deslumbrante avenida da cidade.

Ali, chama a atenção o Yeliseevsky Market, um prédio marcado por rococós e estátuas esverdeadas na fachada, que dentro abriga uma inesquecível loja de chocolates e bebidas. A imensa quantidade de doces, organizados em pilhas coloridas pelo salão, deixa o visitante hipnotizado.

É lá, inclusive, que não pude deixar de levar as caixas de três bombons de vodca com estampa de Putin.

Também na Nevsky, mais uma grata surpresa. É lá que fica o Rock Pub, um barzinho subterrâneo cheio de bicos de draft beer, onde cada copão custa em média 15 reais. Saí dali de madrugada para voltar à minha rua, que não parecia mais tão intimidadora, um pouco porque nessa época não faz noite em São Petersburgo.

É que vivemos a temporada das famosas White Nights, quando o sol nunca se põe de verdade – vamos lembrar que a cidade se encontra na mesma latitude do Alasca e da Groenlândia.
 
                                

Agora, só nos resta esperar o jogo do Brasil. E que, no final, a gente consiga celebrar, ao "sol da meia-noite", uma vitória da seleção do jeito tradicional russo... De preferência, com vodca – e sem abusar do chocolate. 

Quero saber sua opinião sobre o Inversa na Copa. Você também pode enviar sugestões ou dúvidas para copa@inversapub.com.
            
Forte abraço e até a próxima,
Pedro Carvalho

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